Às vésperas da Páscoa, quando o consumo de ovos e bombons aumenta em todo o território nacional, um dado surpreendente revela a força da indústria de chocolates no Paraná. Embora o estado não cultive cacau comercialmente, abriga 65 estabelecimentos especializados na transformação do produto, responsáveis por criar 4.181 postos de trabalho com carteira assinada neste ano.
As informações, compiladas pelo Ipardes com base nos registros da RAIS, colocam o estado como segundo maior empregador do ramo no Brasil, atrás apenas de São Paulo. O desempenho representa 16% de todos os vínculos formais do setor no país, superando estados tradicionalmente produtores de cacau como Bahia e Pará.
“Esses números comprovam nossa capacidade de agregar valor à cadeia produtiva”, ressalta Ulisses Maia, titular da pasta do Planejamento. O segmento mostra vitalidade mesmo diante dos desafios logísticos de importação da matéria-prima, com fábricas que vão desde pequenas confeitarias artesanais até grandes plantas industriais exportadoras.
Especialistas apontam que o desempenho reflete a vocação paranaense para processamento alimentício, com empresas que dominam técnicas de beneficiamento e transformação. A proximidade com importantes centros consumidores do Sul e Sudeste, aliada à qualificação da mão de obra local, explica parte do sucesso do polo chocolatero estadual.
Em média, a remuneração recebida pelos trabalhadores paranaenses do setor de chocolates e derivados do cacau atinge R$ 4.671,68 por mês, o maior valor do País, acima, por exemplo, do salário médio registrado em São Paulo, com R$ 4.554,92, e Bahia, com R$ 4.018,92, que ocupam a segunda e a terceira posições, respectivamente.
A remuneração média dos paranaenses no setor aumenta conforme a escolaridade e a faixa etária. No primeiro caso, o salário pago para aqueles que possuem ensino fundamental completo é de R$ 3.110,78, enquanto que para aqueles com ensino superior completo é de R$ 12.648,85. O maior contingente de trabalhadores no ramo de chocolates (1.306) possui ensino médio completo e recebem, em média, R$ 4.384,79.
Em relação à faixa etária, a maior remuneração média está na faixa de 50 a 59 anos, com R$ 7.273,02, seguida de pessoas entre 40 a 49 anos, com R$ 6.585,34; e 60 anos ou mais, com R$ 6.241,03. Os mais jovens, na faixa de 18 a 24 anos, são os que recebem as menores remunerações, com média de R$ 2.625,85.
Em relação ao sexo, a divisão é muito próxima, com leve vantagem para o masculino, representando 50,11% dos 4.181 empregados no setor (2.095), enquanto que pessoas do sexo feminino é de 49,89%, ou 2.086 trabalhadoras.
EXPORTAÇÃO – Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e tabulados pelo Ipardes mostram que, em 2024, o chocolate paranaense teve como destino 60 países, com uma exportação total de US$ 13,8 milhões. O destaque fica para os vizinhos argentinos, que compraram praticamente metade desse valor, com US$ 6,1 milhões.
Os oito maiores compradores internacionais ficam no continente americano, sendo que seis estão na América do Sul, um na América Central e um na América do Norte. Além da Argentina, Uruguai (US$ 2,8 milhões), Paraguai (US$ 1,7 milhão), Chile (US$ 1,1 milhão), Bolívia (US$ 668 mil) e Colômbia (US$ 440 mil) foram os maiores mercados na porção Sul do continente. Na área Central, a Costa Rica comprou US$ 473 mil, enquanto que os Estados Unidos aparece em 8º lugar, importando US$ 277 mil do chocolate paranaense.