Enquanto versões manipuladas de medicamentos populares para perda de peso como semaglutida e tirzepatida enfrentam restrições, muitos consumidores estão sendo atraídos por um setor questionável do mercado de suplementos alimentares. Produtos como adesivos coloridos, gomas mastigáveis, pós prebióticos e tinturas sublinguais prometem “estimular” ou “potencializar” os níveis do hormônio GLP-1 no organismo mas especialistas alertam que essas alegações são, no mínimo, enganosas.
Diferentemente dos medicamentos manipulados, que exigem prescrição médica, esses suplementos são vendidos livremente. “Se você pode comprar sem receita, não é um verdadeiro medicamento GLP-1”, explica Jamie Alan, professora de farmacologia. “São apenas antigos suplementos para perda de peso rebrandeados, sem comprovação científica.”
Ingredientes como ashwagandha e extrato de chá-verde, que circulam há décadas no mercado de produtos para emagrecimento, estão sendo reaproveitados nesses novos suplementos. Embora algumas pesquisas sugiram efeitos modestos do chá-verde no peso, outras associam seu extrato a danos hepáticos. Outros componentes comuns, como berberina, cromo e extrato de açafrão, também carecem de estudos robustos sobre sua eficácia.
Algumas marcas incluem advertências em letras miúdas, esclarecendo que seus produtos “não contêm GLP-1 sintético” e “não são medicamentos agonistas de GLP-1”. No entanto, a nomenclatura escolhida pode confundir os consumidores menos atentos.
A indústria de suplementos opera em uma zona cinzenta da regulamentação, sem exigência de comprovação de segurança ou eficácia antes da comercialização. “Algumas pessoas podem ter interações medicamentosas acentuadas ou condições de saúde que tornam esses produtos arriscados”, alerta Alan.
Com o fim da escassez dos medicamentos originais e a consequente proibição das versões manipuladas, abre-se espaço para que esses suplementos ocupem um mercado global bilionário muitas vezes com promessas enganosas de resultados comparáveis aos dos medicamentos aprovados.
Especialistas destacam que, embora certos alimentos como gorduras saudáveis e fibras possam estimular naturalmente a produção de GLP-1, seu efeito é limitado comparado aos medicamentos. “No momento, esses suplementos são como óleo de cobra”, afirma Alan. “Você está literalmente jogando dinheiro fora.”
A recomendação unânime é investir em uma alimentação equilibrada e consultar um profissional de saúde antes de experimentar qualquer produto novo especialmente quando ele promete resultados milagrosos. Enquanto isso, consumidores devem estar atentos às estratégias de marketing que exploram suas esperanças de perda de peso fácil e rápida.
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