Estudos indicam que pessoas com depressão têm dificuldade em recordar memórias específicas. Por exemplo, ao ouvirem a palavra “festa”, podem pensar: “Eu não costumo ser convidado para festas.” Alguém sem depressão pode ouvir “festa” e imediatamente recordar um aniversário de infância ou uma celebração recente na casa de um amigo.
Kymberly Young, professora de psiquiatria afirma: “Não é que pacientes deprimidos não tenham memórias — é que têm dificuldade em acessá-las.”
Um estudo conduzido por Young e sua equipe, sugere que odores familiares podem ajudar a desbloquear essas memórias.
Na pesquisa, pessoas com depressão recordaram mais memórias específicas quando expostas a odores familiares — como café moído ou tabaco — do que quando ouviram palavras associadas a esses odores, como “café” ou “cigarro”.
Os resultados indicam que a aromaterapia pode auxiliar pessoas com depressão a evitar ruminações.
“Recordar memórias específicas está ligado a habilidades melhores de resolução de problemas e regulação emocional”, ressalta Young.
O estudo envolveu 32 adultos com depressão clínica, que foram convidados a cheirar 24 amostras de odores de frascos de vidro. Em seguida, foram solicitados a compartilhar uma memória específica em resposta a esses estímulos. Apenas 68% conseguiram recordar memórias específicas em resposta aos odores, enquanto apenas 52% conseguiram fazê-lo após ouvir as palavras.
Os odores também evocaram memórias mais vívidas e positivas do que as palavras. Muitos estudos já identificaram uma ligação entre odores e memória em pessoas saudáveis, diz a neuropsicóloga Vidya Kamath. Além disso, há uma ligação estabelecida entre perda do olfato e depressão. Uma redução no sentido do olfato pode aumentar o risco de depressão. Pesquisas mostraram que pessoas com depressão tendem a ter uma redução no olfato, e que os sintomas da depressão tendem a piorar com a diminuição do olfato.
O sistema olfativo se comunica diretamente com o sistema límbico, uma região do cérebro associada ao humor e à memória. Como resultado, os odores estão fortemente ligados ao processamento emocional e à recordação de eventos passados.
Embora a aromaterapia seja estudada como tratamento para depressão, Young sugere uma abordagem diferente: usar odores como ferramenta de treinamento para ajudar pessoas com depressão a lembrar eventos positivos e acessar emoções positivas.