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sábado, novembro 23, 2024
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Mudança climática cria rios laranjas em solos árticos

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Rios e riachos do Alasca estão mudando de cor, passando de um azul claro e limpo para um laranja enferrujado devido aos metais tóxicos liberados pelo degelo do permafrost, segundo um novo estudo nos Estados Unidos. A descoberta surpreendeu pesquisadores do Serviço Nacional de Parques, da Universidade da Califórnia em Davis e do Serviço Geológico dos EUA, que analisaram 75 locais na cordilheira Brooks, no Alasca. Nos últimos cinco a dez anos, as águas da região ficaram turvas e alaranjadas, parecendo enferrujadas.

A descoloração e a turbidez são causadas por metais como ferro, zinco, cobre, níquel e chumbo, alguns dos quais são tóxicos para os ecossistemas aquáticos. À medida que o permafrost (1) descongela, esses metais, presos no subsolo por milhares de anos, são expostos aos cursos de água. “Estamos acostumados a ver isso em áreas com histórico de mineração, como partes da Califórnia e dos Apalaches”, disse Brett Poulin, coautor do estudo e professor de toxicologia ambiental na Universidade da Califórnia, em Davis.

Os solos árticos contêm naturalmente carbono orgânico, nutrientes e metais, como o mercúrio. As altas temperaturas provocaram o encontro desses minerais com as fontes de água, à medida que o permafrost derrete. O Ártico está aquecendo quatro vezes mais rápido que o resto do mundo, mostram estudos. Usando imagens de satélite, os pesquisadores determinaram quando a mudança de cor ocorreu em diferentes rios e riachos.

Essa descoloração tem sido associada a “declínios dramáticos” na vida aquática, levantando preocupações sobre como o derretimento contínuo do permafrost afetará as comunidades que dependem desses cursos de água para beber e pescar. Nos rios árticos do Alasca vive uma variedade de peixes essenciais para a subsistência, o esporte e a pesca comercial. Poulin disse que as comunidades locais expressaram suas preocupações aos pesquisadores, começando há sete anos.

O Alasca não é o único estado a experimentar esse fenômeno. Um estudo recente detalha como as Montanhas Rochosas do Colorado registram efeitos semelhantes, com aumento nas concentrações de metais, como sulfato, zinco e cobre, em riachos montanhosos nos últimos 30 anos. Metade desse aumento é atribuída à redução do fluxo de água, enquanto a outra metade é decorrente do degelo do solo congelado, que permite a lixiviação de minerais das rochas.

Pesquisas semelhantes foram realizadas nos Andes chilenos, Alpes europeus e Pireneus, no norte da Espanha, mostrando aumento nas concentrações de metais e elementos de terras raras em rios e riachos de montanha. Embora algumas dessas áreas tenham histórico de mineração, os aumentos observados levantam questões sobre o impacto contínuo das mudanças climáticas nas fontes de água montanhosas.

Pesquisadores no Alasca continuarão seus estudos para identificar a localização das fontes de metais e minerais e avaliar o impacto na vida aquática e humana.

(1) Camada permanentemente congelada em profundidade abaixo da superfície em regiões frias de um planeta (como a Terra)

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