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Cientistas querem armazenar espécies em extinção na Lua

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A lua poderia se tornar um local de armazenamento para amostras biológicas congeladas das espécies ameaçadas da Terra? Novas pesquisas sugerem que isso pode ser possível, graças aos pontos frios naturalmente presentes na superfície lunar, alguns dos quais permanecem intocados pela luz solar há bilhões de anos.

Estudos estimam que a Terra abriga até 8 milhões de espécies, com mais de 1 milhão em risco de extinção. Alarmantemente, isso pode ser apenas a ponta do iceberg, pois muitas espécies podem desaparecer antes mesmo de serem identificadas.

Um novo conceito proposto por uma equipe de cientistas liderada por Mary Hagedorn, do Zoológico Nacional do Smithsonian e do Instituto de Biologia da Conservação, explora a possibilidade de criar um biorepositório na lua. Este local de armazenamento a frio preservaria amostras de pele contendo células de fibroblastos — células que sustentam e conectam outros tecidos — de espécies ameaçadas em todo o mundo.

Este biorepositório lunar proposto utilizaria a “criopreservação”, uma técnica que envolve o congelamento profundo de material biológico, colocando-o em um estado de animação suspensa, usando o ambiente naturalmente gelado da lua.

“Devido a inúmeros fatores induzidos pelo homem, uma parte significativa das espécies e ecossistemas enfrenta ameaças de destabilização e extinção em um ritmo que supera nossa capacidade de salvá-los em seus habitats naturais”, escreveram Hagedorn e sua equipe.

Por que a Lua?

Se salvar as espécies diretamente for difícil, poderíamos ao menos preservar suas amostras através da criopreservação, o que pode até possibilitar esforços de clonagem no futuro. Embora a criopreservação baseada na Terra seja possível, manter essas amostras é desafiador.

Na Terra, não há ambientes naturais frios o suficiente para o armazenamento passivo de criopreservação, então dependemos da tecnologia e de recursos para manter as amostras congeladas. Em contraste, as regiões polares da lua contêm crateras permanentemente sombreadas que não veem luz solar há mais de dois bilhões de anos.

As temperaturas nessas regiões lunares geralmente permanecem abaixo de menos 196 graus Celsius. Hagedorn e seus colegas propõem usar essas temperaturas extremamente frias na lua para resfriar passivamente instalações de armazenamento de criopreservação a longo prazo.

É claro que muitos desafios logísticos estão à frente para tornar um biorepositório lunar uma realidade — um projeto que a equipe espera que possa levar décadas para ser realizado.

As amostras precisariam ser devidamente embaladas para transporte espacial e armazenadas de uma forma que as proteja dos elevados níveis de radiação na lua. Além disso, garantir cooperação internacional e financiamento seria crucial. Apesar desses obstáculos, a equipe permanece otimista quanto à viabilidade do projeto.

Hagedorn e seus colegas já iniciaram pesquisas utilizando o gobi estrelado (Asterropteryx semipunctata), um peixe carnívoro com pintas azuis, para desenvolver protocolos para o projeto.

O tempo dirá se este ambicioso projeto terá sucesso.

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