A deficiência de vitamina A ocorre quando o corpo não recebe uma quantidade suficiente de vitamina A, uma vitamina lipossolúvel. Como o corpo humano não produz vitamina A, é necessário obtê-la através da alimentação. Essa vitamina é essencial para a saúde da visão, o fortalecimento do sistema imunológico, a reprodução, e o crescimento e desenvolvimento.
Este artigo aborda a deficiência de vitamina A, quem está em risco, sinais e sintomas, como tratar a deficiência, entre outros aspectos.
O que é a deficiência de vitamina A e quem ela afeta?
A deficiência de vitamina A ocorre em pessoas que não consomem alimentos ricos em vitamina A ou têm dificuldades para absorver a vitamina no intestino. Essa deficiência afeta principalmente os olhos e a visão, podendo levar à cegueira se não for identificada e tratada.
As deficiências são mais comuns em crianças que vivem em países em desenvolvimento. Contudo, pessoas com doenças ou condições que afetam o intestino correm um risco maior de desenvolver deficiências vitamínicas, incluindo a de vitamina A.
Nestes casos, é raro que a deficiência seja exclusivamente de vitamina A. Pessoas com condições que afetam o intestino estão em risco de múltiplas deficiências vitamínicas.
A deficiência de vitamina A deve ser tratada sob supervisão do seu médico de confiança. Deficiências não confirmadas e tratadas de maneira inadequada podem resultar em complicações a longo prazo, como cegueira, aumento do risco de infecções pulmonares ou infecções mais graves.
Pontos importantes
Existem duas fontes de vitamina A disponíveis nos alimentos que consumimos:
- Vitamina A pré-formada: encontrada em produtos de origem animal, como laticínios, ovos, carnes, fígado e peixes.
- Carotenoides pró-vitamina A: pigmentos vegetais como o beta-caroteno, encontrados em alimentos de origem vegetal. Após consumidos, os carotenoides pró-vitamina A são convertidos em vitamina A no corpo.
Causas e fatores de risco
Qualquer pessoa que não consuma alimentos ricos em vitamina A ou tenha dificuldades para absorver a vitamina está em risco de desenvolver uma deficiência. Isso pode incluir os seguintes grupos:
- Bebês prematuros negligenciados
- Gestantes ou lactantes de baixa renda
- Crianças que vivem em países subdesenvolvidos
- Crianças com distúrbios alimentares como ARFID (transtorno alimentar restritivo/evitativo) ou outros transtornos alimentares
Pessoas com doenças do intestino ou do fígado também estão em risco. Isso inclui:
- Doença celíaca (reação imunológica ao glúten encontrado no trigo, cevada e centeio)
- Cirrose (cicatrização do fígado) ou distúrbios do ducto biliar
- Fibrose cística (condição que afeta os pulmões e o sistema digestivo) ou insuficiência pancreática (o intestino delgado não digere os alimentos corretamente)
- Desvio duodenal, síndrome do intestino curto ou outros distúrbios de má absorção
- Doença inflamatória intestinal, incluindo doença de Crohn e colite ulcerativa
Sinais e sintomas
A deficiência de vitamina A afeta principalmente os olhos e a visão. Sinais e sintomas da deficiência de vitamina A podem incluir:
- Manchas de Bitot (depósitos brancos irregulares na conjuntiva do olho)
- Crescimento retardado em crianças
- Infecções
- Infertilidade
- Cegueira noturna (incapacidade de enxergar em condições de pouca luz ou à noite)
- Cicatrização lenta de feridas
- Xerose (ressecamento da conjuntiva e da córnea do olho)
Seu médico pode diagnosticar a deficiência de vitamina A avaliando:
- Histórico médico
- Histórico alimentar
- Exame físico
- Exame de sangue
Complicações
A vitamina A é uma das principais causas de cegueira evitável em crianças ao redor do mundo.
A deficiência de vitamina A afeta principalmente os olhos. O primeiro sinal de deficiência de vitamina A geralmente é a cegueira noturna. A xerose também afeta negativamente a córnea do olho e pode levar à cegueira irreversível se não tratada.
A deficiência de vitamina A também pode aumentar o risco de infecções. Além disso, está associada a mortes maternas e a desfechos negativos relacionados à gravidez e à lactação.
Tratamento e prevenção
O tratamento deve sempre incluir educação e aconselhamento para que os indivíduos deficientes entendam quais alimentos devem ser incluídos na dieta para obter vitamina A suficiente. Isso pode incluir o trabalho com um nutricionista registrado (RDN).
A tabela abaixo demonstra qual é a quantidade mínima necessária para prevenir a deficiência de vitamina A.
Idade | Masculino | Feminino | Gravidez | Amamentação |
---|---|---|---|---|
0–6 meses | 400 mcg | 400 mcg | ||
7–12 meses | 500 mcg | 500 mcg | ||
1–3 anos | 300 mcg | 300 mcg | ||
4–8 anos | 400 mcg | 400 mcg | ||
9–13 anos | 600 mcg | 600 mcg | ||
14–18 anos | 900 mcg | 700 mcg | 750 mcg | 1.200 mcg |
19–50 anos | 900 mcg | 700 mcg | 770 mcg | 1.300 mcg |
51 anos e mais | 900 mcg | 700 mcg |
RAE é usado devido às diferentes bioatividades do retinol e dos carotenoides. Um mcg de RAE é equivalente a:
- 1 mcg de retinol
- 2 mcg de beta-caroteno suplementar
- 12 mcg de beta-caroteno dietético
- 24 mcg de alfa-caroteno dietético ou beta-criptoxantina
Quais alimentos contêm vitamina A?
Alimentos ricos em vitamina A incluem:
- Leguminosas e nozes: Feijão-fradinho e feijão cozido são particularmente ricos em vitamina A, assim como pistache.
- Laticínios: Iogurte e alguns queijos (como ricota) são boas fontes. Além disso, o leite com adição de vitamina A é uma ótima fonte.
- Peixes: Peixes gordurosos como arenque, salmão e atum são excelentes fontes de vitamina A.
- Frutas: Manga, papaia, melão e damascos são excelentes fontes de vitamina A.
- Grãos: Cereais matinais fortificados podem ser fontes de vitamina A.
- Proteínas: Alimentos como frango e ovos fornecem alguma vitamina A. O fígado é uma excelente fonte de vitamina A e fornece mais do que qualquer outro alimento.
- Suco de tomate: Produtos de tomate são fontes densas em nutrientes de vitamina A.
- Vegetais: Vegetais com pigmento vermelho ou laranja são ótimas fontes de vitamina A. Isso inclui cenouras, pimentões, batata-doce, abóbora e abóbora-menina. Alguns vegetais verdes, como espinafre e brócolis, também são boas fontes.
Quando a suplementação é recomendada?
A suplementação de vitamina A pode ser recomendada durante a gravidez como parte do regime de suplementos pré-natais recomendados por obstetras. A suplementação materna de vitamina A reduziu o risco de nascimento prematuro e defeitos neonatais, além de aumentar o peso ao nascer dos recém-nascidos.
A suplementação é recomendada para deficiências suspeitas ou confirmadas de vitamina A. Seu médico recomendará uma dose alta de vitamina A suplementar por alguns dias e depois uma dose menor até que os sintomas melhorem. As doses de vitamina A variam dependendo da saúde do paciente e da gravidade da deficiência.
Para deficiências isoladas de vitamina A, um único suplemento de vitamina A pode ser suficiente. Depois, um multivitamínico contendo vitamina A pode ser o bastante para manutenção.
Seu médico pode recomendar diferentes regimes de suplementação para pessoas com distúrbios gastrointestinais ou condições médicas. Por exemplo, pessoas com fibrose cística ou insuficiência pancreática podem precisar de suplementação de todas as quatro vitaminas lipossolúveis. Nesse caso, um suplemento que forneça uma combinação de vitaminas A, D, E e K em uma forma solúvel em água pode ser prescrito.
Não há necessidade de suplementar vitamina A se você não for deficiente.
Pontos importantes
A suplementação de vitamina A deve ser feita sob supervisão médica. Seu médico pode ajudar a avaliar o seu estado de vitamina A e determinar se a suplementação é apropriada para você.
Quanto tempo leva para corrigir uma deficiência de vitamina A?
A deficiência de vitamina A e seus sintomas podem ser tratados e corrigidos se detectados precocemente. A suplementação pode ser prescrita pelo seu médico para corrigir a deficiência.
Com a suplementação adequada, sintomas como manchas de Bitot e cegueira noturna podem se resolver em cerca de dois meses. Se a deficiência não for tratada, a cegueira noturna pode evoluir para cegueira completa que não pode ser corrigida.
Ajudando na absorção de vitamina A
Como a vitamina A é uma vitamina lipossolúvel, é importante incluir algumas gorduras saudáveis em sua dieta para ajudar o corpo a absorvê-la.
Óleos como o de abacate, oliva ou canola são gorduras saudáveis para incluir, pois são principalmente gorduras monoinsaturadas. Abacates e algumas nozes também são boas fontes de gorduras saudáveis.
Riscos de excesso de vitamina A
Tomar quantidades excessivas de vitamina A a longo prazo pode ser prejudicial.
Como é uma vitamina lipossolúvel, a vitamina A é armazenada no corpo, mesmo em quantidades excessivas. Ela pode se acumular e levar à toxicidade, conhecida como hipervitaminose A. Isso pode ocorrer dias a semanas após a ingestão de quantidades muito altas de vitamina A (100 vezes a RDA).
Os sinais de hipervitaminose A podem incluir:
- Visão turva
- Tontura
- Pele seca
- Fadiga
- Dor de cabeça
- Enzimas hepáticas anormais em exames de sangue
- Dores musculares
- Náusea
Os níveis máximos toleráveis foram estabelecidos apenas para a vitamina A pré-formada (fontes alimentares de origem animal e suplementos). Os limites superiores variam dependendo da idade e sexo, mas para adultos, o limite é de 3.000 mcg RAE.
Vale notar que os suplementos de vitamina A podem ser uma combinação de vitamina A pré-formada e beta-caroteno.
Algumas pesquisas sugerem outros riscos da suplementação de vitamina A, como:
- Maiores taxas de câncer em fumantes ao tomar suplementos de vitamina A, o que significa que fumantes atuais e ex-fumantes devem evitar a suplementação de vitamina A, a menos que uma deficiência seja confirmada e a suplementação recomendada pelo médico.
- Aumento do risco de mortalidade por doenças cardíacas e maior risco de câncer de pulmão com a suplementação de beta-caroteno.