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Musin quer nacionalizar a cultura underground

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Fundado na cidade de Curitiba (PR), o Musin – Museu Independente dá um salto em suas atividades e passará a ter sua direção em Santo André (SP). Esta mudança vai proporcionar a nacionalização deste museu, que existe há 21 anos, direcionado para a preservação da memória da música underground, uma cultura que teve o movimento punk como forte fator de sua expansão nacional. Não à toa, a nova praça é um dos berços do surgimento do punk no Brasil.

O anúncio da mudança de direção será feito neste domingo, 13 de outubro, às 16h em uma Live transmitida durante a 1ª Feirinha de Arte do Mocergo (Rua Siqueira Campos, 1039, Santo André – SP), onde estará a fanzineira, arte educadora, poeta e quadrinista Thina Curtis, que receberá a direção do Musin por seu fundador: o cientista político, pesquisador e musicólogo Manoel J de Souza Neto. A transmissão será feita pelo canal de Youtube do Observatório da Cultura do Brasil e poderá ser acompanhada pelo público neste link. A mediação será feita pelo jornalista e fanzineiro Rodrigo Juste Duarte (Digão Duarte).

Além da transferência do Musin, na ocasião serão feitas chamadas convidando pessoas engajadas na preservação da memória do underground para compor núcleos dentro do museu. Fundado em 2003, o Musin completa 21 anos de história incentivando pesquisas, livros, filmes, reportagens, entre outras iniciativas que ajudaram a consolidar a importância de manter a memória do cenário rock and roll e das cenas independentes, compostas por cultura underground, bandas independentes, fanzines, pogo e demotapes. É o primeiro museu do Brasil voltado à memória da cena underground. O projeto passou em 2020 a status de coletivo nacional.

O Musin promove o mapeamento, a divulgação e o registro da memória da produção musical underground e independente do Brasil. Uma cena que emana do povo, formada por territórios culturais com bandas regionais, lançamento de músicas em formatos diversos, locais de shows, fanzines e outros canais de mídia e divulgação, além da atuação de artistas visuais que contribuem para a formação de um circuito.

Reconhecido pelo IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus, foi o primeiro espaço cultural e grupo de estudos do Brasil voltado a essa iniciativa. Depois de duas décadas atuando na cidade de Curitiba, esgota-se esta questão territorial e o projeto se torna nacional. O Paraná perde, mas diversas outras localidades do Brasil ganham com a nacionalização.

Em 2006, a pedra fundamental desta ideia já havia sido noticiada no site Overmundo, do antropólogo e pesquisador musical Hermano Vianna. Apesar do Musin ter colaborado com pesquisas nacionais, a contribuição foi maior com levantamentos da cena do Paraná, por ser a cidade sede. A saída de Curitiba para o ABC visa justamente ampliar os horizontes para maior comunicação com todo o Brasil.

Acervos satélite

No Paraná, o Musin se desdobrou na Fonoteca da Música Paranaense, que corresponde ao acervo sobre a música paranaenses reunido desde 1989, inicialmente por, Manoel J de Souza Neto, organizador e fundador da iniciativa, reunindo dezenas de colaboradores e pesquisadores nos anos seguintes. Atualmente, é composto por 400 mil documentos, como mídias (4 mil CDs, LPs, K7s, compactos, entre outros formatos), publicações, flyers, cartazes, reportagens, entre outros itens. Este acervo rendeu mais de 200 trabalhos acadêmicos, livros (como “A Des[Construção] da Música na Cultura Paranaense”), entre outras iniciativas.

Nesta nova etapa será possível iniciar um princípio de museu formado por acervos satélites para preservação da memória da cena Underground e independente nacional. Será composto por uma rede brasileira de acervos de colaboradores voluntários de diversas partes do Brasil, engajados na escrita, difusão, pesquisa e reconhecimento da cena, com ampla abertura para pesquisas acadêmicas.

Mudança de direção

Thina Curtis passará a ser a nova diretora do Musin. É fanzineira, arte educadora, poeta,  quadrinista e palestrante. Referência nacional no universo dos fanzines, é responsável pelo evento Fanzinada, contribui com inúmeras publicações e recebeu uma série de homenagens: se tornou Patrona da Fanzinoteka Municipal de Barueri “Thina Curtis” na Gibiteka Prof Max Zendrom; foi homenageada no Instituto Federal Fluminense (Macaé-RJ) onde está o “Acervo Feminista Thina Curtis”; e neste ano é homenageada pela Universidade de Goiás com o Trofeuzine Ciberpajelanças como primeira mestra do fanzine no Brasil. Ministra oficinas onde a literatura vem reforçar o senso crítico pela cidadania e consciência em debates socioculturais. É organizadora do livro “Brazineiras”, sobre o protagonismo feminino nos fanzines.


A iniciativa do Musin teve início com Manoel José de Souza Neto, cientista político, pesquisador e musicólogo. Além do Musin, é também fundador da Fonoteca da Música Paranaense, atua como editor do Observatório da Cultura. É organizador e autor do “A Des[Construção] da Música na Cultura Paranaense” (Ed. Aos Quatro Ventos, 2004), que reuniu 80 artigos de 39 autores sobre os mais diversos aspectos da música do Paraná. Em Brasília, foi membro da Câmara Setorial de Música e do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC/MINC – entre 2005 e 2017).

Rodrigo Juste Duarte (Digão Duarte) já foi um dos coordenadores do Musin, acompanhando seus avanços desde os primeiros anos. Jornalista multitarefa e interdisciplinar, começou fanzineiro e foi acumulando trabalhos como repórter, fotógrafo, professor, assessor de imprensa, produtor de conteúdo e social media. Na música, produziu CDs coletâneas, colaborou com diversas publicações, trabalhou em eventos e fotografou tudo isso. É pós-graduado em cinema e integrante do Observatório da Cultura do Brasil.

Serviço

Live de nacionalização e mudança de direção do Musin – Museu Independente

Data e horário: 13 de outubro, domingo, às 16h.

Transmissão pelo canal de Youtube do Observatório da Cultura do Brasil: www.youtube.com/observatoriodaculturadobrasil

A Live será realizada durante a 1ª Feirinha de Arte do Mocergo (Rua Siqueira Campos, 1039, Santo André – SP)

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