Como disse o personagem rabino de Adam Brody na série Ninguém Quer, é uma alegria ver alguém fazer uma “miztvah” — um bom ato. Seja um estranho parando para ajudar quando seu carro quebra na estrada, vizinhos se unindo para procurar seu cachorro perdido ou um garçom que discretamente avisa sobre um pedaço de papel higiênico preso no seu sapato.
Desde a infância aprendemos que gentileza é essencial, e ela toca fundo em nossos corações. Por isso ficamos emocionados com histórias positivas online, como estudantes comprando um carro para o zelador da escola ou um bom samaritano cedendo seu assento de primeira classe para uma mãe necessitada. Essa onda de “influenciadores da gentileza” conquista milhões de visualizações nas redes sociais.
Resumindo: Adoramos boas notícias e boas ações. Mas não é só testemunhar ou receber generosidade que aquece nossos corações; estudos mostram que realizar atos de gentileza oferece um grande impulso para o humor — além de benefícios para a saúde mental e até física. Veja o que os especialistas explicam.
Por que a gentileza faz bem para a saúde
Você já pagou a refeição de quem estava atrás de você na fila do drive-thru ou ajudou alguém com as compras pesadas? Se isso trouxe um brilho ao seu dia, há uma razão fisiológica para isso, diz a psiquiatra Brook Choulet, do Arizona. “Ser gentil, com estranhos ou não, ativa o sistema de recompensa do nosso cérebro”, ela explica. “Esse sistema libera dopamina, que gera sentimentos de prazer, e ocitocina, que promove conexões e confiança.”
Além dessa sensação de bem-estar, interações gentis promovem um estado emocional positivo ao reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, observa a psicoterapeuta Kristie Tse. Altos níveis de cortisol podem aumentar a pressão arterial, sobrecarregando o coração, mas praticar a gentileza — com os outros e consigo mesmo — pode, assim, proteger a saúde do coração.
A gentileza também nos ajuda a criar conexões sociais com as pessoas que ajudamos, como explica a psicóloga Heidi Kar. “Somos criaturas sociais que dependem das conexões para o bem-estar da saúde mental.” Essas conexões não precisam se tornar amizades profundas; até momentos rápidos de conexão podem “reduzir a depressão e melhorar a saúde mental,” ela acrescenta.
Por que gentileza é bom para sua comunidade
A gentileza não traz apenas felicidade imediata; também transforma o ambiente ao redor, diz Robert Cuyler. Ele observa que quando alguém é gentil, “inspira os outros a serem também, criando um ambiente mais positivo e conectado.”
Ações como organizar uma limpeza de parque, criar uma Biblioteca Livre ou ajudar um vizinho fortalecem o bem-estar coletivo. Cuyler acrescenta: “Uma comunidade mais conectada promove a saúde mental ao reduzir a sensação de isolamento e aumentar a felicidade.”
O psicólogo Dakari Quimby, comenta que essa cultura de gentileza constrói uma base de confiança e cooperação. “Comunidades com ênfase na gentileza têm relacionamentos mais seguros e solidários entre os moradores, o que é ótimo para o bem-estar.”
Exemplos de como criar uma cultura de gentileza na comunidade:
- Valorize o trabalho dos membros da comunidade, como carteiros e garis
- Seja voluntário em projetos comunitários
- Doe tempo ou dinheiro para instituições de caridade locais
- Participe de eventos comunitários
- Ajude vizinhos com tarefas domésticas
- Ofereça carona para vizinhos que vão para o mesmo local
Existe um limite para a gentileza?
Ser gentil é ótimo para o bem-estar, mas é importante ser gentil consigo mesmo. Sentir que sua gentileza é explorada ou fazer demais pelos outros sem cuidar de suas próprias necessidades pode “levar ao esgotamento ou ressentimento,” alerta Rachel Marmor, terapeuta de saúde mental.
“Pratique a gentileza com limites saudáveis,” aconselha Marmor. “Assim como o excesso pode drenar nossos recursos, saber quando dizer ‘não’ nos ajuda a cuidar da nossa saúde mental também.”
