Donald Trump (Republicanos) derrotou Kamala Harris (Democratas) e se tornou o 47º presidente dos Estados Unidos, marcando um retorno surpreendente do direitista cujo primeiro mandato terminou com uma invasão ao Capitólio por seus apoiadores e que, desde então, enfrentou uma série de acusações criminais e duas tentativas de assassinato no caminho da volta à Casa Branca.
Trump é o segundo presidente dos EUA a retornar ao cargo após perder a reeleição quatro anos antes, seguindo os passos de Grover Cleveland em 1893. Para conseguir isso, o direitista superou uma série de obstáculos que teriam derrotado outros candidatos, incluindo um incidente em que foi atingido de raspão por uma bala em um comício na Pensilvânia, em 13 de julho.
A vitória de Trump demonstra o forte domínio sobre a classe trabalhadora americana e o apelo contínuo aos eleitores que preferem o estilo polarizador à abordagem mais convencional de Kamala Harris. Ao escolhê-lo, milhões de americanos reafirmaram o rumo populista e isolacionista que ele trouxe para a política.
Além das promessas tradicionais de reduzir regulamentações e impostos, Trump propõe novas medidas, como um imposto de 10% sobre todas as importações e uma tarifa de 60% para produtos chineses, o que, segundo especialistas, pode aumentar os preços, a inflação e o déficit. Ele também prometeu manter os benefícios do Medicare (sistema de saúde pública deles) e da Seguridade Social (documento mais utilizado para provar a identidade no país) e encerrar a cidadania automática para filhos de imigrantes nascidos nos EUA.
O terceiro lançamento de campanha de Trump aconteceu logo após um desempenho ruim do Partido Republicano nas eleições de meio de mandato de 2022. Na época, ele enfrentava o segundo impeachment, múltiplas acusações criminais e tinha perdido popularidade dentro do partido. Ainda assim, Trump conseguiu reunir o apoio dos republicanos para sua candidatura de 2024.
Segundo as pesquisas preliminares, Trump conquistou 63% do voto rural, superando o desempenho de quatro anos atrás. Ele também aumentou a popularidade dele entre eleitores latinos, obtendo 45% desse grupo, o maior percentual para um republicano desde George W. Bush.
Durante a campanha de 2024, Trump prometeu uma agenda de “retribuição”, ameaçando investigar, processar e punir adversários políticos, incluindo Biden e Harris. Ele falou em mobilizar a Guarda Nacional e até o exército para lidar com o que chamou de “inimigos internos” e prometeu a maior operação de deportação da história americana.
Os democratas, por sua vez, fizeram uma tentativa vigorosa de impedir a vitória de Trump. Após uma queda de popularidade de Biden, Harris assumiu sua posição e rapidamente melhorou sua imagem, arrecadando mais de um bilhão de dólares entre julho e setembro, o maior valor já arrecadado em um trimestre. Porém, mesmo com a popularidade crescente de Harris e uma campanha intensa, mais americanos escolheram Trump no dia da eleição. No discurso de vitória, Trump declarou: “Todos os dias, lutarei por vocês com cada fibra do meu ser. Esta será verdadeiramente a era dourada da América.”