Pacientes que seguem dietas de alimentos integrais e vegetais aumentam a ingestão de carboidratos e muitas vezes apresentam reversão de doenças crônicas, incluindo diabetes e hipertensão. Mitos sobre “açúcar” e carboidratos são comuns entre pacientes e profissionais de saúde.
Frutas versus açúcar
O corpo humano depende de glicose, o açúcar simples que as células usam para gerar energia. A glicose é um dos componentes fundamentais dos carboidratos, que junto com as gorduras e proteínas, são os três macronutrientes essenciais. Os carboidratos naturais estão presentes em pacotes ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, grãos integrais, nozes e sementes.
Os humanos evoluíram para desejar o sabor doce, como forma de garantir a ingestão de nutrientes essenciais. Vitaminas, minerais e fibras precisam ser obtidos diariamente, pois nosso corpo não os produz. Nossos ancestrais antigos encontravam essas substâncias em frutas doces, ricas em fitonutrientes e antioxidantes – compostos que combatem o câncer e promovem a saúde cardiovascular.
O açúcar refinado, por outro lado, é altamente processado e desprovido de nutrientes, exceto calorias. A indústria alimentícia produz açúcar refinado de várias formas, sendo as mais comuns o açúcar de mesa (sacarose) e o xarope de milho com alto teor de frutose, presente em muitos alimentos e bebidas processados.
Se satisfazermos o desejo por doces com alimentos refinados em vez de frutas ricas em nutrientes, podemos acabar com uma deficiência de nutrientes. Com o tempo, isso pode criar um ciclo vicioso de comer em excesso, levando à obesidade e a problemas de saúde associados.
Toxicidade do açúcar
Os açúcares refinados não são tóxicos para as células diretamente, mas podem se combinar com proteínas e gorduras para produzir substâncias tóxicas, como os produtos finais de glicação avançada (AGEs). Altos níveis de glicose no sangue também podem produzir lipoproteínas glicadas. Esses compostos estão associados a problemas crônicos de saúde, como doenças cardiovasculares e diabetes.
Muitos acreditam que o açúcar causa diabetes tipo 2, o que é incorreto. Esse mito leva influenciam de forma exagerada na redução do açúcar no sangue e na “contagem de carboidratos”, ignorando a verdadeira causa: a perda progressiva da função das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina. A insulina regula a glicose no sangue, controlando sua produção e direcionando-a para as células. A perda da função das células beta significa que menos insulina é produzida, resultando nos altos níveis de glicose característicos do diabetes tipo 2.
As células beta são vulneráveis a danos causados por radicais livres e AGEs. Antioxidantes presentes nas frutas podem protegê-las. Pesquisas mostram que comer frutas inteiras reduz o risco de diabetes tipo 2.
Desintoxicação de açúcar
Muitas pessoas que querem perder peso perguntam sobre “desintoxicação de açúcar”. Isso é um desperdício de tempo, pois o corpo não pode eliminar o açúcar completamente. Por exemplo, se você comer apenas peito de frango assado, seu fígado converterá as proteínas em glicose através da gliconeogênese.
Dieta com baixa ingestão de carboidratos pode levar à perda de peso, mas a custos altos. Elas estão associadas a deficiências de nutrientes e aumento no risco de mortalidade. Em dietas cetogênicas de baixo carboidrato, o corpo quebra músculos para produzir glicose. Além disso, a falta de fibras pode causar constipação.
Eliminar alimentos com açúcar refinado é uma meta positiva. Mas, em vez de pensar nisso como “desintoxicação”, encare como uma mudança permanente de estilo de vida. A melhor maneira de se “desintoxicar” do açúcar refinado é aumentar a ingestão de frutas e vegetais ricos em nutrientes. Ao abandonar o açúcar refinado, você provavelmente perceberá que seu paladar se torna mais sensível e que aprecia ainda mais a doçura natural das frutas.