No próximo dia 19 de dezembro, o Palácio Iguaçu completa 70 anos de história, consolidando-se como um dos maiores símbolos do Paraná e da arquitetura modernista brasileira. Localizado no Centro Cívico de Curitiba, o edifício não apenas abriga o Governo do Estado, mas também representa um marco do desenvolvimento político e administrativo vivenciado pelo Paraná no século XX.
Com mais de 15 mil metros quadrados, o prédio destaca-se por suas linhas retas, grandes áreas envidraçadas e o uso expressivo de mármore, elementos que conferem sofisticação e funcionalidade à obra. Projetado pelo arquiteto David Azambuja, é reconhecido como uma das primeiras manifestações da arquitetura moderna no país, traduzindo o desejo de um Paraná pujante e integrado às transformações urbanísticas e sociais da época.
Em homenagem ao aniversário, a Agência Estadual de Notícias produziu a série especial “Palácio Iguaçu 70 anos”, disponível no canal oficial do Governo do Paraná no YouTube. Dividida em três episódios, a produção explora a trajetória histórica, o valor artístico e arquitetônico e o papel dos servidores que fazem parte do cotidiano do edifício.
Durante a construção, Juscelino Kubitschek de Oliveira, então governador de Minas Gerais, visitou as obras do Palácio Iguaçu e conheceu o projeto do Centro Cívico. “O projeto paranaense causou um impacto cultural a nível nacional. Inclusive, conta-se que as obras inspiraram a criação de Brasília”, comenta o arquiteto e membro do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, Fernando Lobo. Brasília foi construída entre 1957 e 1960, durante a gestão de Juscelino como presidente.
O edifício foi inaugurado em 1954, como parte das celebrações dos 100 anos da emancipação política do Paraná, que se desmembrou da província de São Paulo em 1853. A cerimônia de inauguração contou com um banquete para convidados especiais na noite do dia 18 de dezembro, com a presença do então presidente da República, Café Filho, em sua primeira visita oficial como presidente – ele assumiu o cargo em agosto após a morte de Getúlio Vargas. A placa inaugural foi descerrada exatamente à meia-noite do dia 19 de dezembro.
Desde então o Paraná se industrializou, se tornou o quinto estado mais populoso e com a quarta maior economia do Brasil, projetando na sociedade os sonhos que o Palácio Iguaçu inaugurou.
BENTO MUNHOZ – É impossível falar da história do Palácio Iguaçu sem mencionar o papel de Bento Munhoz da Rocha Netto, que governou o Paraná entre 1951 e 1955. Considerado por muitos um visionário, Munhoz da Rocha via na construção do Palácio a oportunidade de modernizar o governo e a administração do Estado.
“Ele é uma figura que se encaixa no momento da história do Brasil em que o País deixava de ser essencialmente agrário para se tornar mais urbano. O Palácio Iguaçu representa essa modernidade e o futuro”, afirma o historiador Renê Wagner Ramos.
A nora de Bento Munhoz, Gilda Marise Munhoz da Rocha, lembra que, quando o governador decidiu o local que abrigaria o Centro Cívico de Curitiba, ele convocou uma reunião de família. “O terreno era um pântano, com algumas construções modestas. Ele chamou a família toda na casa dele e disse que faria o projeto naquele local, e que não gostaria de saber que qualquer um de nós comprou um pedacinho de terreno por lá. Ninguém comprou. Todo mundo obedeceu”, relembra.
O aviso foi dado porque Bento entendia que a área se valorizaria após a construção do Centro Cívico, o que de fato se confirmou. De acordo com o Índice FIPEZAP de Locação Residencial, divulgado em julho deste ano, o Centro Cívico é o bairro mais valorizado da cidade, com o metro quadrado custando R$ 49,80.
A escolha do local, para o historiador Renê Ramos, foi estratégica. “O Palácio Iguaçu foi um choque do ponto de vista arquitetônico, por ser diferente de tudo o que o Paraná tinha até então. E basta reparar: quem está na Catedral de Curitiba consegue enxergar o Palácio, que simboliza o futuro do Paraná”, observa. Desde a inauguração em 1954, 27 governadores já passaram pelo Palácio Iguaçu, que aproveitaram seus amplos espaços para apresentar para a sociedade suas políticas públicas.
Ele também já recebeu inúmeras personalidades, de Pelé ao Papa João Paulo II. A última delas foi Francis Ford Coppola, cineasta que dirigiu “O Poderoso Chefão”, laureado com a Ordem Estadual do Pinheiro do governador Carlos Massa Ratinho Junior.
REFORMAS – Desde sua inauguração, o Palácio Iguaçu passou por diversas reformas, sempre preservando sua integridade arquitetônica original. Nos anos 2000, o edifício foi fechado para uma ampla revitalização, que incluiu a modernização de suas instalações internas, o reforço da infraestrutura e a restauração de alguns de seus elementos mais icônicos, como o grande mural de Poty Lazzarotto, que decora a fachada externa e narra a história do Paraná.
A reforma, concluída em 2010, buscou equilibrar a preservação do patrimônio histórico com a necessidade de adaptar o espaço às novas demandas do governo e da sociedade. O Palácio, que já foi palco de importantes eventos políticos e administrativos, voltou a abrir suas portas ao público em momentos de celebração e cerimônias oficiais, reafirmando sua importância como símbolo de transparência e modernidade.
Em 2012, o Palácio Iguaçu foi tombado e, desde então, é considerado um patrimônio histórico e cultural do Paraná.
Entre 2019 e 2024, ele voltou a passar por melhorias. O Governo do Paraná investiu R$ 3.649.315,00 na reforma do sistema de climatização, além de reparos, pintura, iluminação e restauro de móveis do Palácio Iguaçu, processo que ajuda a preservar a memória desse símbolo do Paraná.
ESPECIAL NA TELEVISÃO – A série especial sobre o Palácio também será exibida na televisão. Os episódios serão transmitidos na programação da TV Paraná Turismo, disponível no canal 9.1 UHF, na TV aberta de Curitiba e Região Metropolitana, e no canal 509 da Claro/NET. O sinal também alcança todo o Brasil pelo canal 236 da Banda Ku, canal 66 da SKY TVRO e pela frequência 3985 no Star One D2, além de outras operadoras de TV a cabo.