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quinta-feira, dezembro 12, 2024
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Meteorito marciano prova que em Marte tinha água

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Um mineral preso em um meteorito marciano que caiu na Terra revelou vestígios de água em Marte datados de 4,45 bilhões de anos, segundo uma nova pesquisa. O grão de zircão pode conter a evidência mais antiga de água quente no planeta vermelho, indicando a possível existência de ambientes como fontes termais, que na Terra estão associados à vida.

Essa descoberta abre novas possibilidades para entender se Marte foi habitável no passado remoto. Também reforça as observações feitas por espaçonaves que orbitam e exploram o planeta, mostrando evidências de antigos rios e lagos na superfície marciana.

Ainda assim, questões fundamentais permanecem: quando a água surgiu em Marte e como evoluiu — e desapareceu — ao longo do tempo?

Os cientistas analisaram uma amostra do meteorito “Beleza Negra”, também conhecido como NWA 7034, encontrado no Deserto do Saara em 2011. Esse meteorito foi expelido da superfície marciana após o impacto de outro objeto celestial entre 5 e 10 milhões de anos atrás. Fragmentos dele têm sido cruciais para estudar o antigo Marte.

O novo estudo concentrou-se em um único grão do mineral zircão dentro do meteorito. A análise revelou que água estava presente apenas 100 milhões de anos após a formação de Marte, sugerindo que o planeta pode ter sustentado vida em algum momento de sua história.

“Nossos dados indicam a presença de água na crosta de Marte em um período comparável às primeiras evidências de água na superfície da Terra, cerca de 4,4 bilhões de anos atrás,” disse Jack Gillespie, pesquisador autor principal do estudo, em comunicado. “Essa descoberta fornece novos elementos para entender a evolução planetária de Marte, os processos que ocorreram e seu potencial de abrigar vida.”

Minerais como cápsulas do tempo

Rochas como essa ajudam a responder grandes questões sobre Marte, incluindo a quantidade de água presente e se o planeta já abrigou vida. Meteoritos como o Beleza Negra são particularmente valiosos. Apresentado à comunidade científica em 2013, ele contém centenas de fragmentos de rocha e minerais, cada um narrando parte dos 4,5 bilhões de anos da história marciana.

“O Beleza Negra é a única fonte de peças para o quebra-cabeça geológico do pré-Noaquiano de Marte,” disse Aaron Cavosie, o cientista planetário coautor do estudo. O período Noaquiano ocorreu entre 4,1 e 3,7 bilhões de anos atrás, mas as medições diretas do período pré-Noaquiano (4,5 a 4,1 bilhões de anos atrás) são escassas, embora sejam essenciais para entender o início da história de Marte.

O Beleza Negra já revelou muitos segredos, incluindo a resiliência da crosta marciana a inúmeros impactos. Ele também contém os mais antigos fragmentos conhecidos de Marte, incluindo os zircons mais antigos já identificados.

Zircão: uma janela para o passado

Zircão, um mineral resistente usado em joias e cerâmicas, permite que cientistas estudem as condições presentes durante sua cristalização, como temperatura e interação com água. Ele contém urânio, que decai naturalmente em chumbo a uma taxa precisa, permitindo o cálculo da idade da cristalização.

A análise do grão de zircão revelou quantidades incomuns de ferro, sódio e alumínio, indicando que fluidos ricos em água deixaram essas marcas no mineral há 4,45 bilhões de anos. Esses elementos, alinhados em padrões únicos, sugerem que o zircão cresceu em contato com água, semelhante aos encontrados em sistemas hidrotermais na Terra.

Se sistemas hidrotermais existiram na crosta marciana nesse período, é provável que a água líquida alcançasse a superfície, criando ambientes potencialmente habitáveis.

Implicações futuras

Os cientistas agora querem investigar se esses sistemas hidrotermais eram estáveis ou episódicos durante a formação de Marte. “Se esses sistemas eram estáveis, isso indicaria condições habitáveis por um longo período,” disse Cavosie. Essa hipótese pode ser testada com mais dados de zircons marcianos.

Até que amostras sejam trazidas diretamente de Marte, meteoritos como o Beleza Negra continuam sendo uma das melhores janelas para o passado do planeta. Evidências de sistemas hidrotermais também coincidem com teorias sobre a atividade vulcânica e a presença de água no Marte antigo, que, naquela época, era protegido por um campo magnético forte.

Atualmente, o rover Perseverance está explorando a cratera Jezero, que abrigou um lago há 3,7 bilhões de anos. Amostras coletadas de rochas formadas por sistemas hidrotermais podem preservar evidências de vida microbiana antiga.

“Embora meteoritos sejam valiosos, uma amostra cuidadosamente selecionada e intacta de Marte, com contexto geológico conhecido, nos permitiria avanços ainda maiores,” disse Briony Horgan, cientista da missão Perseverance. “Este estudo reforça a importância de trazer amostras de Marte para estudos detalhados nos próximos anos.”

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