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Chimpanzés são capazes de se adaptarem geneticamente em diferentes habitats

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Chimpanzés selvagens vivem em diversos ambientes da África, que variam de densas florestas tropicais a áreas mais abertas de savana e bosques. De acordo com uma nova pesquisa, esses parentes próximos da nossa espécie desenvolveram adaptações genéticas intrigantes, ajustadas aos seus habitats, incluindo resistência a patógenos como a malária.

Cientistas analisaram dados genéticos de 388 chimpanzés selvagens em 18 países, documentando adaptações impulsionadas pelas condições ambientais e revelando uma diversidade genética antes desconhecida, moldada pelas condições locais.

Ambientes florestais, mais do que habitats abertos, estão repletos de patógenos, como a malária, transmitida por mosquitos. O estudo mostrou que chimpanzés que vivem em florestas apresentam alterações genéticas associadas à resistência a doenças, incluindo genes relacionados à adaptação à malária em humanos.

“Identificamos sinais de adaptação a patógenos nos chimpanzés de floresta, com o sinal mais forte relacionado à malária. Encontramos evidências de adaptação em dois genes que também estão associados à resistência à malária em humanos, sugerindo um possível caso de adaptação paralela ao parasita da malária em ambas as espécies”, explicou a geneticista evolutiva Aida Andrés.

“Como este é um estudo evolutivo, ainda não está confirmado se a variação genética nesses dois genes confere resistência à malária na natureza, algo que precisa ser investigado futuramente. Por outro lado, não encontramos sinais de adaptação genética à malária em chimpanzés de savanas e bosques, talvez porque os ambientes florestais exerçam uma pressão mais forte da doença”, acrescentou Andrés.

A malária continua sendo uma ameaça letal para humanos, com 597 mil mortes estimadas em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Chimpanzés, junto aos bonobos, são as espécies geneticamente mais próximas dos humanos, compartilhando cerca de 98,8% de nosso DNA. As linhagens evolutivas de humanos e chimpanzés se separaram entre 6,9 e 9 milhões de anos atrás, conforme pesquisas de 2023.

“Se os mecanismos adaptativos ao mesmo agente infeccioso forem semelhantes entre espécies, como propomos, identificar sinais de adaptação genética em primatas pode ajudar a descobrir adaptações genéticas humanas ainda desconhecidas”, destacou Andrés.

As conclusões do estudo baseiam-se em material genético extraído de fezes de chimpanzés coletadas em 52 locais na África equatorial. Os locais incluíram países como República Centro-Africana, Camarões, Congo, República Democrática do Congo, Guiné, Costa do Marfim, Gana e Uganda.

Os chimpanzés estão classificados como espécies ameaçadas devido à destruição de habitats, caça e doenças infecciosas. A população selvagem estimada varia entre 170 mil e 300 mil indivíduos.

Os resultados do estudo têm implicações importantes para a conservação da espécie, indicando que mudanças climáticas e no uso da terra podem afetar de forma distinta diferentes populações de chimpanzés.

“Embora a degradação das florestas seja um risco maior para os chimpanzés de floresta, mudanças no habitat que aumentem a pressão da malária podem representar maior ameaça para as populações de savanas e bosques”, explicou Andrés.

“Esse estudo sugere a necessidade de conservar a considerável diversidade genética dos chimpanzés, incluindo sua diversidade adaptativa. Isso é essencial tanto para proteger as populações existentes quanto para preservar o potencial adaptativo da espécie, permitindo que se ajustem às mudanças ambientais, como as provocadas pelas alterações climáticas”, concluiu.

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