As vendas de vinho despencaram no ano passado em comparação a 2023. A queda é mais um reflexo de um declínio contínuo na demanda por vinho em restaurantes, bares e lojas, que alguns especialistas já classificam como uma “ameaça existencial” para o setor.
O vinho não é a única bebida alcoólica em baixa; dados mostram que as vendas de cerveja e destilados também diminuíram. No entanto, a queda do vinho é a mais acentuada, e toda a indústria está em alerta a essa mudança.
O setor vinícola experimentou um aumento nas vendas em 2020, alavancadas pelos lockdowns e ordens de isolamento durante a pandemia. No entanto, esse pico foi passageiro.
Um estudioso da indústria do vinho atribui a queda no consumo a mudanças de hábitos geracionais. Segundo ele, gerações mais velhas, como os baby boomers (os nascidos entre 1946 e 1964), optavam pelo vinho nas celebrações, festas e eventos em geral. Muitos acreditavam que as novas gerações seguissem a tendência, mas isso não aconteceu.
Uma pesquisa de 2023 reforçou essa teoria, indicando que os jovens consomem menos álcool do que as gerações anteriores.
A queda na demanda também está associada a outra pesquisa, que revelou que uma parcela da população considera o álcool prejudicial à saúde.
Especialistas apontam que, quando os jovens optam por consumir bebidas alcoólicas, eles frequentemente escolhem opções misturas prontas. De fato, esse segmento é um dos poucos dentro da indústria alcoólica que continua crescendo.
O vinho, que geralmente vem em garrafas grandes e pode exigir um saca-rolhas ou taças específicas para a degustação, perde espaço para a praticidade das bebidas prontas.
Além disso, as bebidas não alcoólicas também contribuem para a queda nas vendas de vinho. Elas atraem não apenas aqueles preocupados com os riscos do álcool, mas também estabelecimentos que encontram nelas uma opção lucrativa. Os vinhos sem álcool, no entanto, ainda não alcançaram a mesma popularidade.
Outro fator desfavorável é o preço. O vinho está entre as bebidas alcoólicas mais caras e vem ficando ainda mais oneroso. O aumento contínuo do custo médio por litro faz com que consumidores com orçamento apertado procurem alternativas mais acessíveis.
Esses desafios indicam tempos difíceis para o setor vinícola. No entanto, especialistas divergem sobre a gravidade da situação. Embora a indústria possa demorar a se adaptar a essas mudanças, os produtores de vinho não estão dispostos a desistir tão facilmente.