O vírus que causa a covid-19 está agora disseminado na vida selvagem, especialmente em áreas com alta atividade humana.
Pesquisadores relatam que o vírus está se espalhando entre animais como camundongos, coelhos e morcegos, e não há razões para acreditar que esse fenômeno não esteja ocorrendo em outras áreas.
Esses animais apresentaram variantes semelhantes às que circulam em humanos, mas também exibiram mutações virais inéditas. Especialistas alertam que essas mudanças podem impactar a imunidade humana ou até demandar o desenvolvimento de novas vacinas.
O que disseram os pesquisadores?
Os pesquisadores afirmaram: “O vírus pode saltar de humanos para animais selvagens quando entramos em contato com eles, como um carona trocando de veículo para alcançar um novo hospedeiro mais adequado.
“O objetivo do vírus é se espalhar para sobreviver. Ele tenta infectar mais humanos, mas as vacinas protegem muitos de nós. Assim, o vírus se volta para os animais, adaptando-se e sofrendo mutações para prosperar nesses novos hospedeiros.”
O que a pesquisa revelou?
O SARS-CoV-2, nome científico do vírus que causa a covid-19, foi detectado em seis espécies comuns de animais selvagens. Anticorpos indicando exposição anterior ao vírus foram encontrados em cinco espécies, com taxas de exposição variando entre 40% e 60%.
O rastreamento genético revelou linhagens virais que correspondem às variantes circulantes em humanos durante o período do estudo, sugerindo que os animais estão contraindo o vírus a partir de pessoas.
As exposições mais altas ao vírus foram observadas em áreas com maior presença humana.
Quais são os riscos?
Os cientistas alertam que novas mutações podem surgir na vida selvagem, tornando-se potencialmente mais transmissíveis ou perigosas para os seres humanos.
Isso poderia exigir o desenvolvimento de vacinas específicas para variantes emergentes. Por isso, os pesquisadores defendem a necessidade de monitoramento constante dos animais.
Até agora, porém, não há evidências de que o vírus esteja sendo transmitido de animais para humanos. Os especialistas enfatizam que as pessoas não devem evitar a vida selvagem por medo do vírus.
Mais estudos são necessários para compreender como o vírus é transmitido de humanos para animais, como ele se espalha dentro de uma espécie e, possivelmente, entre espécies diferentes.
Como foi realizada a pesquisa?
O estudo analisou 23 espécies de animais selvagens.
Sinais do vírus foram encontrados em camundongos, gambás, coelhos e morcegos. Em um gambá, o vírus isolado apresentou mutações inéditas que podem influenciar a resposta imunológica humana.
A equipe coletou 798 amostras nasais e orais, provenientes de animais capturados e liberados no campo ou tratados em centros de reabilitação da vida selvagem. Além disso, foram obtidas 126 amostras de sangue de seis espécies.
Como os animais contraem o vírus?
Os cientistas ainda não têm certeza sobre como o vírus é transmitido de humanos para animais.
Uma possibilidade é o esgoto, mas os pesquisadores acreditam que lixo e alimentos descartados são fontes mais prováveis.