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terça-feira, março 11, 2025
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A nossa idade influencia a hora que dormimos e acordamos

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Há vários motivos pelo qual pessoas mais velhas tendem a acordar mais cedo pela manhã — e isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Temos inúmeras piadas sobre idosos que acordam antes do sol nascer e adolescentes que vão dormir na hora que eles acordam, mas, por trás delas, há uma verdade científica: o horário em que nosso corpo naturalmente adormece e acorda não é apenas uma questão genética, mas também uma consequência do envelhecimento.

À medida que envelhecemos, nossos corpos mudam interna e externamente, o que influencia diretamente os padrões de sono. “Como a maioria das coisas que mudam com a idade, não há apenas uma razão, e tudo está interconectado”, explicou a professora de psicologia Cindy Lustig. Especialistas destacam que o cérebro se torna menos responsivo com o passar dos anos, afetando a forma como processamos os estímulos que regulam nosso ciclo circadiano.

“O cérebro provavelmente não está percebendo e respondendo aos estímulos como deveria, porque é um cérebro envelhecido”, disse o Dr. Sairam Parthasarathy. Esses estímulos incluem o pôr do sol, a luz solar, refeições, interações sociais e atividade física, que ajudam o cérebro a identificar onde estamos no ciclo de 24 horas. “Esses são os chamados ‘dadores de tempo’, que ajudam o cérebro a se situar no ciclo circadiano”, explicou.

Para uma pessoa mais jovem, o horário do jantar pode sinalizar ao cérebro que a hora de dormir está próxima. Já para alguém mais velho, essa conexão pode não ocorrer da mesma forma. Os nervos responsáveis por enviar esses sinais ao cérebro sofrem degeneração, assim como o próprio cérebro, o que explica por que idosos tendem a se cansar antes dos filhos ou netos e, consequentemente, acordam mais cedo.

A luz que nossos olhos captam também desempenha um papel crucial nesse processo. “Curiosamente, uma das razões parece ser que as mudanças na visão relacionadas à idade reduzem a intensidade da luz que estimula o cérebro, o que é essencial para ‘ajustar’ nosso relógio circadiano e mantê-lo sincronizado”, disse Lustig. Parthasarathy destacou que isso é especialmente relevante para pessoas com catarata, uma condição ocular comum que afeta mais de 50% dos americanos com 80 anos ou mais, segundo os Institutos Nacionais de Saúde. A catarata causa visão embaçada, dupla e dificuldade geral para enxergar.

“Se há catarata, a luz da tarde não entra nos olhos como deveria, então, para o cérebro, o pôr do sol ocorre mais cedo do que realmente acontece”, explicou Parthasarathy. Isso faz com que o corpo comece a liberar melatonina (o hormônio do sono) mais cedo do que o normal. Para pessoas mais jovens, a melatonina “começa a subir após o pôr do sol”, o que explica por que geralmente nos sentimos cansados algumas horas depois. Já para idosos com catarata, o cérebro interpreta o pôr do sol como mais cedo, fazendo com que se sintam cansados mais cedo à noite — e, consequentemente, acordem mais cedo pela manhã.

“Há evidências de que a cirurgia de remoção de catarata pode melhorar a qualidade e a duração do sono, ajudando os sinais de luz a chegarem ao cérebro”, acrescentou Lustig.

Para quem sofre com esse problema, há medidas que podem ajudar a dormir melhor. Parthasarathy recomenda expor-se à luz intensa no final da tarde, ao contrário do conselho tradicional de evitar telas antes de dormir. Isso pode incluir caminhar ao ar livre antes do pôr do sol, ler em um iPad com brilho alto, usar luzes artificiais em casa ou assistir TV em uma tela brilhante. Essas luzes indicam ao cérebro que o sol ainda não se pôs, retardando a produção de melatonina. O especialista sugere fazer isso 30 a 60 minutos antes do pôr do sol, variando conforme a época do ano e a localização geográfica. O tempo ideal de exposição à luz pode exigir alguns ajustes, mas o objetivo é cerca de duas horas, mantendo a luz acesa após o pôr do sol.

Lustig também recomenda evitar álcool antes de dormir — “Aquele drinque pode até dar sono, mas na verdade prejudica a qualidade do sono”. Além disso, ela sugere que exercícios físicos e a exposição ao sol da manhã podem ajudar a sincronizar o relógio circadiano com os ciclos naturais de luz.

Essas descobertas não apenas explicam por que idosos tendem a acordar mais cedo, mas também oferecem estratégias práticas para melhorar a qualidade do sono em qualquer idade. Compreender como o envelhecimento afeta nosso sono é um passo importante para garantir noites mais repousantes e dias mais produtivos.

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