- * Valdir Bicudo
Entra ano sai ano, e a “ladainha” é a mesma no que concerne aos árbitros do futebol brasileiro, independente da competição. Atletas, cartolas, técnicos e demais segmentos que gravitam no futebol, responsabilizam peremptoriamente os homens do apito, como os únicos responsáveis pelos maus resultados, independente do torneio.
Os dirigentes das esquadras de futebol com direito a voto nas Federações de Futebol e na CBF, ”evoluíram” e muito na prática de vociferar contra as decisões dos homens que manejam o apito e seus confrades, no retângulo verde.
A cada suposto equívoco e/ou erro, é comum ouvi-los destilarem impropérios de teor às vezes impublicáveis contra o árbitro e/ou bandeirinhas – alguns após o destempero verbal, sugerem como solução para o imbróglio regulamentar a atividade do árbitro – só que na hora (H), desaparecem tal qual o relâmpago, que sai do “Oriente e vai para o Ocidente”.
Aliás, nunca ouvi ou li, um cartola no Brasil empunhar a bandeira da profissionalização da categoria do apito – ouvi proposições tênues de que pode ser uma alternativa, para melhorar a qualidade das tomadas de decisões do árbitro no campo.
As Federações de Futebol, questionadas sobre o desempenho da arbitragem, afirmam que investem de acordo com as suas possibilidades na formação e requalificação dos apitos e assistentes – via as escolas de formação de árbitros.
Escolas que com raras exceções, mantém os mesmos professores há vários anos, cuja metodologia de formação, remonta o século 20.
A CBF que “empresta” a arbitragem das Federações de Futebol, de fevereiro a dezembro a cada temporada, ou seja, durante dez meses – e fatura milhões de reais por ano, “educadamente” transfere o “problema” das deficiências dos apitos e bandeiras, que laboram no Campeonato Brasileiro a formação que eles recebem nas federações.
Os árbitros e suas associações ineficientes que são maioria, inquiridos de como mudar o cenário de pauperidade existente na arbitragem, se “arvoram” e utilizam a “surrada” desculpa de que o árbitro de futebol no Brasil, não é profissional.
Sem a regulamentação da sua atividade como profissional, afirmam os apitadores 100%, que a classe fica obstaculizada para estudar as regras, treinar fisicamente, e dedicar-se exclusivamente ao mister do apito. E, por conseguinte, ficam impedidos de prestarem um trabalho de excelência.
Um detalhe me chama a atenção na arbitragem – é que os principais interessados na regulamentação da sua atividade, os árbitros e suas ineficientes associações, à exceção de outubro de 2013, quando um grupo de sindicalistas foi a Brasília e conseguiram através da Lei Nº 12.876 de outubro de 2013, que a classe fosse reconhecido como profissional– desde então, não houve nenhum avanço na busca pela regulamentação da atividade, que depende de Lei do Congresso Nacional.
Nesse jogo de empurra-empurra há várias décadas, ninguém é inocente. Todos, guardadas as devidas proporções, contribuíram substancialmente para o empobrecimento e o descrédito dos homens que interpretam e aplicam as Regras do Jogo.
PS: aos árbitros do futebol brasileiro, só há uma opção, para a regulamentação do seu labor: a criação imediata da Federação Brasileira dos Árbitros de Futebol, entide reconhecida no direito sindical – ou então, continuarão reféns da cartolagem, e sentados na última poltrona da trilhardária locomotiva que controla o futebol brasileiro. Locomotiva que propicia milhões de reais para muita gente, menos à arbitragem.
** Valdir Bicudo é ex-árbitro de futebol e comentarista de arbitragem – @valdircbicudo