Encontrar um crânio é inquietante. Dois é assustador. 15 então? É simplesmente macabro.
Foi isso que um grupo de arqueólogos encontrou quando desenterrou uma pilha de crânios e mandíbulas na antiga vila neolítica de Masseria Candelaro, na região de Puglia, Itália. Os pesquisadores que esses crânios foram reunidos ao longo de quase três séculos para práticas ritualísticas ancestrais.
Uma descoberta singular
Os ossos foram encontrados dentro de uma construção pré-histórica apelidada de Estrutura Q. Com base em artefatos encontrados em camadas associadas, os especialistas dataram o local entre 5500 e 5400 a.C. A análise direta dos cerca de 400 fragmentos ósseos revelou idades variando entre 5618 e 5335 a.C., indicando que os crânios foram coletados ao longo de três séculos, representando até oito gerações de ancestrais.
A localização dos crânios dentro de uma construção, e não em um cemitério, torna a descoberta única, explicou Jess Thompson, arqueóloga da Universidade de Cambridge, em uma entrevista. Os crânios estavam sob uma fina camada de solo, o que sugere que foram abandonados e não enterrados. Os pesquisadores concluíram que a Estrutura Q foi originalmente um espaço multifuncional, mais tarde reaproveitado para atividades rituais.
Um legado ritualístico
O longo período representado pela coleção craniana indica, segundo o estudo, uma tradição em constante transformação. Isso pode ajudar a entender as motivações por trás da preservação de ossos cranianos e o papel desses rituais na conexão das pessoas com seus ancestrais.
Os crânios, em sua maioria masculinos, não apresentavam marcas de violência, descartando a hipótese de serem troféus de guerra. No entanto, as fraturas nos ossos eram compatíveis com o manuseio repetido após serem retirados de sepulturas. “Certamente acreditamos que os ossos humanos tinham um significado especial”, afirmou Thompson, “e possivelmente eram considerados substâncias potentes ou eficazes, dado o cuidado com que eram manipulados regularmente.”
Os pesquisadores sugerem que o depósito final dos ossos não foi o ápice de um ritual, mas sim o encerramento de sua utilização ritualística, funcionando como uma espécie de “desativação pós-uso”.