A Assembleia Legislativa do Paraná avançou nesta segunda-feira (19) na discussão sobre a proposta de desestatização da Ferroeste. Em uma reunião organizada pela Comissão de Obras Públicas, Transportes e Comunicação, foram ouvidas as considerações do setor produtivo do Estado sobre o projeto de lei 512/2024, de autoria do Poder Executivo, que autoriza a desestatização da ferrovia Paraná Oeste S.A. Durante o encontro, houve um debate sobre diferentes aspectos do texto, com o objetivo de contribuir para o aprimoramento da proposta.
Além dos deputados estaduais, a reunião contou com a presença de representantes da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), da Associação Comercial do Paraná (ACP), da Fecomércio e da própria Ferroeste. Os representantes do setor produtivo destacaram a necessidade de ajustar o texto do projeto para esclarecer o futuro da desestatização e garantir uma conexão mais eficiente da malha ferroviária com o Porto de Paranaguá.
O presidente da Comissão de Obras, deputado Gugu Bueno (PSD), que propôs a reunião, enfatizou a importância de ouvir as necessidades do setor produtivo estadual em relação ao projeto e ao modal ferroviário. “Propusemos esta reunião com o setor produtivo para esclarecer dúvidas. O interesse de todos os envolvidos é que a Ferroeste se torne realmente eficiente, cumprindo seu papel como um vetor de desenvolvimento econômico e produtivo no Paraná”, afirmou. “Atualmente, a Ferroeste não tem conseguido desempenhar esse papel. É evidente que precisamos avançar. O governo acredita que é hora de buscar uma parceria com a iniciativa privada para viabilizar investimentos e aumentar o transporte de carga”, acrescentou.
O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, ressaltou a importância de cautela na conexão da Ferroeste com o Porto de Paranaguá, destacando a necessidade de minimizar possíveis conflitos entre operadores. Ele também elogiou a discussão promovida pela Assembleia. “Foi um ótimo diálogo. Esta Casa está cumprindo sua função ao ouvir as entidades que mais utilizam a ferrovia. Conseguimos hoje, de forma tranquila e cordial, expressar as preocupações do setor produtivo, especialmente em relação à conexão entre a Ferroeste e a malha sul. Esperamos que sejam incluídas garantias que funcionem como condicionantes”, disse.
O superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, afirmou que a mudança precisa assegurar investimentos que aumentem o transporte de carga. “Não somos contra a desestatização, mas queremos saber o que será feito. Queremos participar ativamente da discussão para entender os próximos passos”, destacou. O Coronel Sérgio Malucelli, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), defendeu a necessidade de ampliar o debate sobre o projeto. “O descompasso entre a administração dos trechos pode comprometer a efetividade”, avaliou.
André Luís Gonçalves, diretor-presidente da Ferroeste, respondeu às dúvidas e questionamentos sobre o processo. “A Ferroeste foi criada para atender o setor produtivo de forma eficiente. Como mencionado, o problema não está no trecho da Ferroeste, mas sim na conexão com o Porto. O governo reconhece a importância de trabalhar isso de forma conjunta, envolvendo o governo federal, o setor produtivo, sindicatos e federações que representam as empresas”, explicou.
Gonçalves destacou que a votação do projeto e a reunião na Assembleia marcam o início dos debates sobre o tema. “Estamos aqui para conversar. Este é apenas o começo de um processo de discussão que será longo. Após a aprovação da autorização, teremos de 12 a 18 meses apenas para realizar os estudos. Esse tempo é fundamental para que ocorram audiências públicas, reuniões com sindicatos, empresas do terminal, associações comerciais, enfim, um diálogo intenso para encontrar a melhor solução”, afirmou o presidente da Ferroeste.
O encontro também contou com a participação do líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD), da deputada Márcia Huçulak (PSD), e dos deputados Batatinha (MDB), Luis Claudio Romanelli (PSD) e Evandro Araújo (PSD).
