Um abrangente estudo do céu noturno ao longo de uma década revelou uma nova e misteriosa categoria de estrelas chamada pelos astrônomos de “fumantes antigos”. Essas estrelas gigantes, localizadas perto do coração da galáxia Via Láctea, exibem um comportamento peculiar. Ficam inativas por décadas, desvanecendo-se gradualmente até quase se tornarem invisíveis antes de liberar nuvens de fumaça e poeira, e os astrônomos acreditam que elas podem desempenhar um papel na distribuição de elementos pelo universo.
A descoberta dessas estrelas “fumantes antigas” foi feita através do monitoramento de quase um bilhão de estrelas em luz infravermelha, invisível ao olho humano. As observações foram realizadas com o Telescópio de Pesquisa Visível e Infravermelho, localizado no Observatório Cerro Paranal, nos Andes chilenos.
Inicialmente focado na identificação de estrelas recém-nascidas, difíceis de detectar na luz visível devido à obstrução por poeira e gás na Via Láctea, o levantamento utilizou a luz infravermelha para penetrar na poeira galáctica. Para estudar cada uma das estrelas, a equipe utilizou o Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul.
Das centenas de milhões de estrelas monitoradas, 222 apresentaram alterações perceptíveis na luminosidade. A equipe identificou 32 delas como estrelas recém-nascidas passando por intensos aumentos de luminosidade. Muitas dessas erupções estão em andamento, permitindo que os astrônomos monitorem a evolução das estrelas ao longo do tempo.
O Dr. Zhen Guo, autor principal de dois estudos, explicou a importância dessas erupções no contexto das protostrelas. Essas erupções ocorrem no disco de matéria em rotação que está formando um novo sistema solar, ajudando no crescimento da estrela recém-nascida no centro, mas dificultando a formação de planetas. A razão para a instabilidade desses discos ainda não é clara.
Durante as observações perto do centro galáctico, a equipe identificou 21 estrelas vermelhas passando por mudanças incomuns na luminosidade. Incertos se essas estrelas eram protostrelas iniciando uma erupção, se recuperando de um declínio na luminosidade causado por um disco ou casca de poeira à frente da estrela, ou se eram estrelas gigantes mais antigas liberando matéria nas últimas fases de suas vidas, a equipe concentrou-se em sete estrelas. Comparando os novos dados com levantamentos anteriores, eles determinaram que esses objetos estelares eram um novo tipo de estrelas gigantes vermelhas.
As gigantes vermelhas geralmente se formam quando as estrelas esgotam seu suprimento de hidrogênio para a fusão nuclear, sinalizando o fim de seu ciclo de vida. No entanto, as estrelas “fumantes antigas” desafiam a compreensão convencional. Permanecendo inativas por períodos prolongados, elas liberam nuvens de fumaça inesperadamente.
Localizadas predominantemente no disco nuclear interno da Via Láctea, onde os elementos pesados são mais concentrados, essas estrelas, ao expelirem elementos no espaço, podem alterar a compreensão dos astrônomos sobre a distribuição de elementos pelo universo. Embora o processo por trás da liberação de fumaça densa por essas estrelas e suas consequências ainda precise ser totalmente compreendido, a descoberta pode ter implicações mais amplas para a disseminação de elementos pesados nas regiões galácticas ricas em metais.