Quando pensamos em animais que cuidam uns dos outros, espécies como chimpanzés ou golfinhos são geralmente as primeiras que vêm à mente. No entanto, novas pesquisas sugerem que até mesmo criaturas pequenas e aparentemente menos sociais, como os camundongos, exibem comportamentos de primeiros socorros para ajudar companheiros inconscientes a recuperarem a consciência. Um estudo recente observou camundongos tentando reviver os companheiros de gaiola incapacitados, engajando-se no que os pesquisadores chamam de “comportamentos de cuidado”.
Esses comportamentos incluíram farejar, lamber, morder e até mesmo puxar a língua do camundongo inconsciente para o lado—um comportamento que poderia ajudar a desobstruir as vias aéreas e auxiliar na respiração. Essa nova pesquisa sugere que os camundongos são mais um membro do reino animal que pratica instintivamente comportamentos de primeiros socorros quando outros de sua espécie estão incapacitados.
Em testes de laboratório, os pesquisadores apresentaram camundongos a um companheiro totalmente ativo ou a um que havia sido anestesiado e deixado inconsciente. Em média, os camundongos passaram quase metade de um período de observação de 13 minutos cuidando do indivíduo inconsciente. O comportamento de primeiros socorros geralmente começava com os camundongos farejando e cuidando do camundongo inconsciente, evoluindo para intervenções físicas, como lamber os olhos e a boca. Em mais de 50% dos casos, os camundongos cuidadores puxavam ativamente a língua do camundongo inconsciente para ajudá-lo a respirar.
Quando os pesquisadores colocaram um objeto de plástico na boca do camundongo incapacitado, os camundongos ajudantes o removeram em 80% das vezes, sugerindo ainda mais um instinto de desobstrução—um comportamento comum de primeiros socorros que nós, humanos, frequentemente utilizamos. Essa não é a primeira vez que os animais nos surpreendem. Alguns acreditam que certos animais podem até perceber quando os humanos não sabem de algo.
Curiosamente, os pesquisadores afirmam que os camundongos que receberam essa atenção cuidadora acordaram e começaram a se mover mais rapidamente do que aqueles que foram deixados sem assistência. Uma vez que o camundongo inconsciente recuperava os movimentos, o cuidador gradualmente parava de ajudar, indicando um comportamento responsivo.
O estudo também descobriu que os camundongos eram mais propensos a ajudar companheiros de gaiola familiares do que desconhecidos, sugerindo um componente social nesse instinto de primeiros socorros. Mas o que leva a esses camundongos desenvolverem tal comportamento? Bem, os pesquisadores descobriram que era através de neurônios que liberam oxitocina na amígdala e no hipotálamo. Essas regiões do cérebro estão ligadas à empatia, formação de vínculos e comportamentos de cuidado em muitas espécies. Como os achados incluem dados sobre a química cerebral dos camundongos, eles sugerem que o comportamento de primeiros socorros nesses animais pode ser parte de uma característica evolutiva mais ampla observada em animais sociais.
É claro, os cientistas alertam contra a atribuição de intenções humanas às ações dos camundongos. Em vez disso, esse comportamento parece ser um mecanismo de sobrevivência inato que aumenta a coesão do grupo, em vez de algo como nossos próprios instintos de primeiros socorros, que foram moldados por centenas de anos de evolução humana.