Aqui na Terra, estamos acostumados a um tipo específico de clima. Pode ser imprevisível e assustador às vezes, mas sabemos que tudo que cai da atmosfera e atinge o solo é água, de uma forma ou de outra. É compreensível, então, pensar em “água” ao considerar a chuva em outros planetas. Mas você estaria completamente enganado — a Terra é o único planeta com água líquida. Embora haja chuva caindo de nuvens em outros planetas, não é água. Nem de longe.
Comecemos com talvez a substância mais intrigante que pode estar chovendo em alguns planetas: diamantes. Sim, diamantes. Cerca de 907 toneladas métricas por ano podem cair em Saturno. Mas antes de começar a imaginar um jeito de enriquecer coletando diamantes no espaço, saiba que isso não é um fato comprovado. É uma teoria ainda não publicada — proposta por cientistas planetários do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA — mas não deixa de ser fascinante.
De acordo com as descobertas, a chuva de diamantes ocorre em Saturno, Netuno, Júpiter e outros, mas Saturno pode ter as melhores condições. Suas intensas tempestades elétricas (10 relâmpagos por segundo!) e temperaturas extremamente altas podem causar a quebra das moléculas de metano em sua atmosfera, liberando átomos de carbono que começam a cair. Esses átomos se transformam em grafite enquanto viajam pela densa e estratificada atmosfera de Saturno, e eventualmente são comprimidos em pequenos pedaços de diamante (a maioria com menos de 1 milímetro de diâmetro). Porém, a cerca de 36.000 quilômetros de profundidade, as temperaturas se tornam tão altas que os diamantes se decompõem em um líquido viscoso.
Diamantes não são sua praia? Então, vá para Vênus e experimente uma refrescante e incrivelmente quente chuva de ácido sulfúrico. A atmosfera de Vênus é repleta de nuvens de ácido sulfúrico, mas como a superfície do planeta atinge escaldantes 480 graus Celsius, a chuva só chega a cerca de 25 quilômetros da superfície antes de se transformar em gás.
Já na maior lua de Saturno, Titã, há tempestades de metano gelado. Assim como a Terra tem um ciclo da água, Titã tem um ciclo do metano: chuvas sazonais enchem lagos, que eventualmente evaporam, e o vapor sobe às nuvens, reiniciando o processo. O metano permanece em estado líquido em Titã porque a temperatura da superfície é extremamente baixa, cerca de -179 graus Celsius. Além disso, há montanhas de gelo sólido por lá.
Esses exemplos são apenas o começo da conversa sobre chuva em outros planetas. Não mencionamos ainda a neve de gelo seco em Marte, a chuva de hélio líquido em Júpiter e a chuva de plasma no Sol. É um tema fascinante, mas preferimos deixar as precipitações derretedoras de carne para o resto do sistema solar. Aqui estamos bem felizes com nossa boa e velha chuva morna de água.