Já faz tempo que sabemos que os resíduos do cigarro, como as bitucas, são um perigo para o meio ambiente. Mas há outro perigo que não haviamos considerado mas que estão presentes nele, os microplásticos.
Um estudo recente descobriu que os microplásticos presentes nos filtros de cigarro desencadeiam uma resposta inflamatória nas células humanas, levantando novas preocupações sobre como esses resíduos estão afetando nossos corpos.
Cientistas investigaram recentemente o que acontece quando células do sistema imunológico humano são expostas aos microplásticos encontrados nos filtros de cigarro. Esses filtros, feitos de acetato de celulose, um tipo de plástico, não se decompõem facilmente na natureza. Em vez disso, liberam microfibras que podem se espalhar pelo ar, água e solo.
No estudo, os pesquisadores colocaram essas fibras em uma placa de laboratório com células imunológicas do sangue humano. Eles observaram que, ao entrarem em contato com as fibras dos filtros de cigarro, as células liberaram altos níveis de proteínas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa e a interleucina-6. Quanto maior a exposição às fibras, mais intensa foi a reação. Na concentração mais alta testada, de 200 microgramas por mililitro, as células foram muito danificadas, apresentando sinais de estresse e até morte celular.
As bitucas de cigarro são o item mais descartado no mundo. Cerca de 4,5 trilhões são jogadas fora por ano. Muitas pessoas acreditam que elas são biodegradáveis, mas, na realidade, são feitas de plástico e podem levar mais de uma década para se decompor. Durante esse período, liberam substâncias tóxicas e fibras plásticas no meio ambiente.
Até agora, a principal preocupação era o impacto desses resíduos na vida selvagem. Peixes, pássaros e outros animais frequentemente confundem essas fibras com comida. No entanto, este estudo sugere que os microplásticos dos filtros de cigarro também podem estar afetando a nossa espécie.
A inflamação no corpo está ligada a diversos problemas de saúde, como doenças cardíacas, câncer e distúrbios autoimunes. Se essas fibras estão chegando ao ar que respiramos ou à água que consumimos, elas podem contribuir para riscos à saúde a longo prazo.
Governos e grupos ambientalistas estão pressionando por novas leis para combater a poluição causada pelas bitucas de cigarro. Algumas cidades e países estão considerando proibir os filtros plásticos de cigarro ou exigir que as empresas tabagistas ajudem a custear os esforços de limpeza. Cientistas também estão trabalhando no desenvolvimento de filtros biodegradáveis que se decomponham naturalmente.
No nível individual, ações simples podem ajudar a combater o problema. Evitar jogar bitucas no chão e apoiar mudanças políticas que incentivem líderes locais a aprovar leis contra a poluição causada por cigarros são algumas das medidas que podem mudar a presente situação.
Essa nova pesquisa serve como um alerta. As bitucas de cigarro não são apenas prejudiciais ao meio ambiente; elas também podem estar afetando nossa saúde. Compreender esses riscos é o primeiro passo para criar um futuro mais limpo e seguro.
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