O modelo Lambda-Matéria Escura Fria (ΛCDM) é atualmente a melhor explicação para o Big Bang e a expansão acelerada do universo, porém apresenta problemas importantes. A maior questão é que o modelo depende da existência de matéria escura e energia escura, conceitos teóricos ainda não observados diretamente.
Devido a essas lacunas no modelo considerado o “melhor palpite”, cientistas buscam outras explicações para a expansão universal que não dependam de componentes escuros. Surgiram então teorias como o universo comendo universos bebês, a expansão sendo um espelho do envelhecimento da luz, ou a necessidade de reformular as teorias de Newton e Einstein.
Recentemente, Naman Kumar, do Instituto Indiano de Tecnologia, propôs que nosso universo faz parte de um par entrelaçado com um antiuniverso, cujo fluxo de tempo seria oposto. Segundo Kumar, essa ideia, baseada em conceitos da teoria quântica e relatividade geral, explicaria naturalmente a expansão acelerada, sem necessidade de energia escura ou gravidade modificada. Haveria, porém, o “preço” de se admitir um antiuniverso parceiro.
Esta não é a primeira vez que tal ideia é apresentada. Em 2018, cientistas do Instituto Perimétrico de Física Teórica de Ontário propuseram a ideia de que nosso universo é a imagem espelhada de um universo fluindo para trás no tempo. Na época, os autores admitiram prontamente que sua ideia ainda precisava superar muitos obstáculos observacionais e experimentais, mas que fornecia um candidato natural convincente para a matéria escura – um neutrino “estéril”. A ideia também não viola uma regra fundamental da física conhecida como simetria CPT – um grande +1 para qualquer teoria esperando explicar a expansão universal.
Baseando-se nessa abordagem, Kumar disse que seu artigo usa conceitos emprestados da teoria quântica (entropia relativa) e da relatividade geral (condição de energia nula) para mostrar como o universo de fato naturalmente aceleraria com tal par antiuniverso.
“A entropia relativa, que requer dois estados, neste caso, corresponde ao universo e seu antiuniverso parceiro”, escreveu Kumar. “A expansão acelerada parece inevitável em um universo criado aos pares que respeita a condição de energia nula.”
A exploração da expansão universal e dos fenômenos em torno do Big Bang (especialmente o “período inflacionário”) parece estar na versão de ciência teórica de uma era de “jogar coisas na parede e ver o que gruda”. Embora seja trabalho dos cientistas desafiar nossas suposições fundamentais e testar rigorosamente as teorias de longa data, as explicações desenvolvidas ao longo de séculos por luminares como Isaac Newton e Albert Einstein provavelmente continuarão de pé.
Mas enquanto os cientistas em todo o mundo continuam procurando a existência de matéria escura e energia escura – ainda considerada por muitos como nossa “melhor aposta” – nunca é demais explorar outras explicações possíveis, mas desconcertantes, para a existência de tudo.