Defensores da segurança alimentar nos Estados Unidos comemoraram a decisão dos reguladores de banir o corante Vermelho nº. 3 (eritrosina) e afirmaram que não esperam dificuldades na rápida remoção do aditivo artificial das prateleiras dos supermercados.
O Vermelho nº. 3 é responsável pela coloração rosa-cereja de milhares de alimentos, bebidas e doces. Após décadas de preocupações sobre a segurança do produto, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) anunciou que proibirá seu uso a partir de 2027.
Aqueles que pressionaram pela proibição do Vermelho nº. 3 argumentam que não há motivo para que sua retirada dos produtos não ocorra antes. O corante já é proibido há anos na União Europeia e em diversos outros países, o que significa que muitas empresas que vendem alimentos e bebidas no exterior já possuem receitas alternativas que podem ser facilmente implementadas.
Em 2023, a Califórnia tornou-se o primeiro estado americano a aprovar uma lei proibindo o Vermelho n°. 3 em produtos vendidos localmente. Esse veto, que também entrará em vigor em 2027, deve impactar fabricantes que, até então, mostravam resistência em reformular suas receitas.
O Vermelho nº. 3 pode ser encontrado em bolos industrializados, doces sazonais, milkshakes de morango para substituição de refeições e outros produtos.
Aprovado para uso em alimentos há mais de um século, o Vermelho nº. 3 é derivado do petróleo e foi proibido em cosméticos desde 1990, após um estudo apontar evidências de que o corante causava câncer em ratos expostos a altas doses. Apesar disso, a utilização em alimentos foi mantida nos EUA, mesmo após a União Europeia bani-lo em 1994 (com exceção das cerejas de coquetel) e evidências continuarem a crescer sobre seu potencial carcinogênico em animais.
Um dos parlamentares responsáveis pela legislação da Califórnia que vetou o corante afirmou que a proibição não resultará na remoção de produtos das prateleiras, apenas exigirá pequenas reformulações de receitas, muitas das quais já são aplicadas em outros países.
Empresas de alimentos e bebidas afirmaram que seguirão a proibição imposta pelo FDA, ao mesmo tempo que continuarão a acompanhar os avanços científicos e a cumprir todas as regulamentações de segurança alimentar para garantir opções seguras para os consumidores.
A Associação Internacional de Fabricantes de Corantes, que representa a indústria de aditivos colorantes, insistiu que o Vermelho nº. 3 é seguro para consumo, alegando que a proibição foi baseada em evidências de câncer em animais, e não em humanos. Ainda assim, o FDA mantém que não pode autorizar aditivos alimentares que tenham sido associados ao desenvolvimento de câncer em qualquer espécie.
A agência, no entanto, não está proibindo outros corantes artificiais que também levantam preocupações sobre saúde, como o Vermelho 40, ligado a problemas comportamentais e hiperatividade em crianças. Por isso, há a possibilidade de algumas fabricantes simplesmente substituírem o Vermelho nº. 3 pelo Vermelho 40.
Especialistas em segurança alimentar consideram a retirada do Vermelho nº. 3 uma “baita vitória” para os consumidores, que estarão menos expostos a possíveis riscos à saúde associados ao corante.
Agora falta ver se o Brasil seguirá os passos da União Europeia e Estados Unidos e também banirá o Vermelho nº. 3 dos produtos brasileiros.