Antes de se tornar um ícone do teatro e do cinema brasileiro, a célebre atriz Fernanda Montenegro era apenas uma voz familiar. Ela começou sua trajetória como locutora e radioatriz Arlete Pinheiro na Rádio MEC, onde iniciou sua carreira aos 15 anos. Foi nesse ambiente, longe das câmeras, que se formou a artista que emocionaria e conquistaria o Brasil. Nesta quarta-feira (16), Fernanda, a carioca que reinventou sua identidade artística, completa 95 anos.
“Eu era conhecida como Arlete Pinheiro. Quando decidi escrever, achei que precisava de um nome mais marcante, então criei Fernanda Montenegro”, contou a atriz em uma entrevista à Rádio MEC há trinta anos. Seu ingresso no teatro ocorreu através de um convite de uma colega que atuava no radioteatro.
Fernanda conheceu o dramaturgo Adacto Filho, que, segundo ela, era um “ensaiador à moda antiga”. “Foi durante esse teste que realmente pisei no palco pela primeira vez de forma consciente”, recordou em uma conversa com a Sociedade de Amigos Ouvintes da Rádio MEC.
Ao deixar o radioteatro, ela fez a transição para os palcos e, posteriormente, para a televisão. Em um episódio do programa Kinoscope, da Rádio MEC, a atriz celebrou seu retorno ao estúdio onde tudo começou. “Estou de volta ao lugar que marcou o início da minha carreira”, disse.
Fernanda também relembrou seu marido, Fernando Torres, com quem formou uma famosa dupla de locutores. “O programa ‘Falando de Cinema’ foi uma ideia dele e apresentava cenas e bastidores do cinema”, explicou.
Em uma entrevista à Rádio MEC, ela mencionou a importância da professora de interpretação Esther Leão. “Lembro do meu primeiro programa, que era uma adaptação de ‘Sinhá Moça Chorou’. Comecei a trabalhar com rádio e teatro, com aulas oferecidas na emissora e no Ministério da Educação.”
Fernanda destacou o valor das aulas de interpretação em sua formação: “Essas experiências foram essenciais, e começamos a produzir um radioteatro semanalmente”, disse, refletindo sobre sua trajetória.
Desde então, a carreira de Fernanda Montenegro inclui mais de 65 peças, 18 filmes e 14 novelas, além de inúmeros prêmios como melhor atriz. Sua estreia no teatro aconteceu em 1950, na peça “Alegres Canções nas Montanhas”, ao lado de Fernando Torres.
Desde 2022, Fernanda é imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 17. A escritora Rosiska Darcy de Oliveira, também imortal, considera-a a maior atriz brasileira de todos os tempos. “Fernanda é uma figura essencial da cultura brasileira. É um grande privilégio ter encenado ‘Viver sem tempos mortos’ com ela”, afirmou Rosiska.
No cinema, um de seus papéis mais marcantes foi em “Central do Brasil” (1998), dirigido por Walter Salles, onde recebeu o Urso de Prata em Berlim e uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Embora o Oscar não tenha sido conquistado, ela foi reconhecida como atriz do ano pela Associação Norte-americana de Críticos de Cinema. Em 2013, Fernanda ganhou o Emmy Internacional como melhor atriz pelo especial “Doce de Mãe” e fez uma participação no filme “Ainda estou aqui”, que representa o Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro.
