Cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com câncer de estômago têm mais de 50 anos. O pico de incidência se dá em pessoas, em sua maioria homens, por volta dos 70 anos de idade. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), as estimativas de novos casos da doença para 2022 chegou a 21.230, sendo 13.340 homens e 8.140 mulheres, colocando este tipo de câncer como o quarto mais letal de incidência no país.
O câncer de estômago, também chamado de câncer gástrico, ocorre quando células anormais no estômago começam a crescer e se dividir de forma descontrolada. Esse órgão, fundamental ao processo da digestão, pode ser dividido em três partes: fundo, corpo e antro gástrico, sendo que qualquer um desses segmentos pode ser comprometido pela doença.
Dr. Bruno Azevedo, oncologista do Pilar Hospital, em Curitiba (PR), explica que os tumores se apresentam, predominantemente, sob a forma de três tipos histológicos: o adenocarcinoma, responsável por 95% dos tumores gástricos, o linfoma, diagnosticado em cerca de 3% dos casos, e o leiomiossarcoma.
Muitos cânceres de estômago estão ligados ao estilo de vida ou a fatores ambientais, incluindo a dieta.
Qualquer coisa que possa aumentar o risco de câncer é chamada de fator de risco. Aqueles que diminuem o risco são chamados de fatores de proteção. “Não sabemos o que causa a maioria dos cânceres de estômago. Mas existem alguns fatores de risco que podem aumentar o risco de desenvolvê-lo. Estes incluem idade avançada, infecção gástrica pela bactéria H Pylori, excesso de peso e tabagismo. Ter um ou mais fatores de risco não significa que você definitivamente terá câncer de estômago”, comenta.
Conforme o especialista, não há sintomas específicos do câncer de estômago. Porém, algumas características como perda de peso, anorexia, fadiga, sensação de plenitude gástrica, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistente podem indicar uma doença benigna ou mesmo o câncer de estômago.
No Brasil, um número elevado de casos de câncer de estômago é diagnosticado em estágio avançado devido aos sintomas vagos e não específicos. Embora a taxa de mortalidade permaneça alta, um significativo desenvolvimento no diagnóstico deste tipo de câncer permitiu a ampliação do número de detecções de lesões precoces. O diagnóstico é feito pela endoscopia digestiva alta. Para realizar esse exame, o paciente é sedado e uma microcâmera é inserida no interior do estômago para uma avaliação detalhada de todo seu interior. Esse dispositivo, chamado endoscópio, é manipulado e percorre o trajeto desde a boca, passando pelo esôfago, até o estômago. Fundamentalmente, permite a coleta de material, biópsia, de áreas alteradas em relação à normalidade. O material da biópsia é enviado a um laboratório de patologia para que seja confirmado (ou não) o diagnóstico de tumor maligno e definido qual o tipo de tumor.
Caso o diagnóstico de câncer gástrico seja confirmado são necessários exames de imagem complementares como tomografias e ultrassonografia endoscópica. Essa última modalidade de exame auxilia na definição pormenorizada do comprometimento local pela doença. “A endoscopia representou um avanço na avaliação da lesão, permitindo a realização de biópsia, grau de comprometimento das camadas da parede gástrica, a propagação a estruturas adjacentes e os linfonodos”, diz.
Atualmente, o tratamento cirúrgico é a principal alternativa terapêutica para o câncer de estômago e hoje em dia a cirurgia robótica ajuda a tornar o procedimento menos invasivo. “A cirurgia de ressecção (gastrectomias) de parte ou de todo o estômago associada a retirada de linfonodos, além de permitir ao paciente um alívio dos sintomas, é uma possibilidade de remissão da doença. Para determinar a melhor abordagem cirúrgica, deve-se considerar a localização, tamanho, padrão e extensão da disseminação e tipo histológico do tumor. São também esses fatores que determinam o prognóstico do paciente. A necessidade de equipe multidisciplinar associada ao serviço de cirurgia oncológica é fator primordial na correta abordagem do paciente oncológico com câncer gástrico. Em casos selecionados, a quimioterapia pode ser utilizada como regime pré ou pós operatório, determinando melhor resposta ao tratamento”, completa.