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Jorge Bernardi revisa a imigração italiana em novo romance

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 Igor Carvalho Horbach – Estagiário de Jornalismo

O Brasil sempre foi conhecido como um abrigo para diversas nacionalidades ao longo de sua história, e com a população italiana não seria diferente. Os italianos fazem parte da história do país e de seus costumes, agora confluídos com os do restante da população. Suas características se transformaram ao longo da história e das gerações em uma homogênea cadeia sociocultural. É raro não conhecer um vizinho, colega de trabalho ou até mesmo parente que não possua em suas origens o sangue italiano.

Vice-reitor da Uninter, jornalista, advogado e professor, Jorge Luiz Bernardi viu a necessidade de resgates históricos que originaram diversas colônias e cidades do Sul do país, sobretudo do Rio Grande do Sul. O autor se debruçou na investigação das imigrações italianas, especialmente entre 1860 e 1920, em sua mais nova obra: Ângela Angelina Angélica.

Bernardi, que foi vereador de Curitiba por 30 anos, se baseia em histórias reais para criar novos enlaces e personagens que se transformam junto com a evolução das imigrações. A obra acompanha a jornada a partir do século 19, com forte influência da Guerra do Contestado, e narra a origem de muitos povos sulistas que hoje podem carregar no peito a bandeira de seu estado.

A inspiração

O autor tem o costume de viajar todos os anos para sua terra natal, Herval d’Oeste (SC). Em uma delas, Bernardi reunia documentos para a cidadania italiana e encontrou a certidão de nascimento do avô e a certidão de óbito do bisavô.

Um fato curioso aguçou a inquieta mente criativa: ambos os documentos registravam a mesma data. Intrigado com a coincidência, Jorge Bernardi arquivou todos os documentos e acabou desistindo de conquistar seu título de cidadão italiano anos mais tarde devido à morosidade do processo.

Em uma visita a Pinheiro Preto (SC), o escritor sentiu o impulso de descobrir o tumulo de sua avó, que até então não possuía informação alguma. Para isso, precisou de direções de moradores do município e, ao encontrar no cemitério local a cripta de sua bisavó, se deparou com alguém que não reconhecia: o terceiro esposo de sua bisa.

Bernardi conta que sempre esteve envolvido com o processo histórico dos italianos no Brasil. Ele é autor de outra obra sobre o tema, a história em quadrinhos A Guerra do Contestado (2015). Essa relação com os acontecimentos que moldaram a cultura brasileira e originaram sua família tornou-se uma grande contribuição para o desenvolvimento do romance, que começou a surgir em agosto de 2022.

Para o escritor, falar sobre imigração italiana é contar a história do país, uma vez que desde os anos 1980 ele se envolve nas questões da origem dos povos italianos no Brasil. Bernardi já fez parte diretoria da Associação Trevisani Nel Mondo, organização internacional de união de descendentes de italianos da província de Treviso. “Se você tiver um ancestral italiano, você sempre vai ser um italiano”, garante o vice-reitor.

De acordo com ele, a obra tem caráter representativo, não apenas para sua família, mas para todos aqueles que possuem em sua árvore genealógica o sangue de pessoas que sobreviveram a uma luta incessante pela sobrevivência na época.

Durante a escrita

Tendo iniciado o manuscrito em 31 agosto de 2022, Jorge precisou ampliar sua pesquisa e passou a buscar por outras referencias históricas. Ele optou por iniciar o romance durante a imigração, com os personagens ainda chegando ao país e vivenciando todas as controvérsias que implicavam uma mudança de continente naquela época.

“Decidi colocar um personagem inspirado no grande jornalista Mauri König, que pudesse ir atrás da história de sua família”, conta Bernardi ao contextualizar o surgimento de um dos protagonistas, Juca. O personagem será um dos pontos-chave para que a história possa ser contada, percorrendo do nascimento ao falecimento de Ângela.

O autor ainda afirma que a maioria dos nomes de pessoas reais não foram alterados e que optou por mantê-los para que a história se tornasse mais viva. “As pessoas sempre davam apelidos aos outros, que iam mudando durante a vida”, explica. Eis que Ângela inicia a vida como tal, passa a ser chamada de Angelina, para então ser denominada Angélica.

O processo de escrita levou nove meses, incluindo os períodos em que precisava dedicar-se a pesquisas relacionadas ao tema. Segundo o autor, não era possível fazer ambas as etapas de forma distintas. Em 30 de maio de 2023, o livro foi concluído, em mais uma surpreendente coincidência. A data é a mesma da morte da bisavó de Bernardi, a própria Ângela.

Próximos trabalhos

Quando questionado sobre os próximos trabalhos, Bernardi cita ter algumas ideias envolvendo períodos históricos do país, comprovando sua paixão inabalável pela origem do Brasil e de sua população. O alto nível de conhecimento histórico proveniente de anos de dedicação, pesquisa e estudo do autor endossam suas performances literárias voltadas para processos que cada brasileiro carrega em sua essência, por mais longínqua que tenha sido a relação com tais sobreviventes.

O que Bernardi deixa claro é sua visão. Não importa em que grau de parentesco exista a sua ancestralidade italiana, ela provavelmente vivenciou grandes batalhas, seja humana ou natural para conseguir perpetuar a família e a cultura.

Ângela Angelina Angélica chegou a Amazon em 13 de agosto de 2023 de forma virtual (e-book). A edição física está em processo de diagramação e estará disponível em breve. Enquanto isso, o volume digital já se encontra na lista entre aproximadamente 800 candidatos que disputam o Prêmio Kindle de Literatura, exclusivo da Amazon. A obra tem 428 páginas e está disponível neste link.

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