O Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentou denúncia criminal por homicídio culposo contra o motorista e o proprietário do caminhão envolvido no grave acidente ocorrido em 20 de outubro, na BR-376, em Guaratuba, litoral do Paraná em que resultou na morte de nove pessoas, integrantes de uma delegação de remo de Pelotas (RS), e deixou um sobrevivente, que também foi vítima de lesão corporal culposa.
Entre os mortos, estavam sete jovens atletas do projeto social “Remar para o Futuro”, com idades entre 15 e 20 anos, além do coordenador técnico da equipe e o motorista da van que transportava o grupo. O único sobrevivente, um atleta de 17 anos, sofreu ferimentos.
De acordo com a promotoria, o condutor do caminhão dirigiu de forma imprudente, evidenciada pelo excesso de velocidade; imperita, demonstrando falta de habilidade técnica e desconhecimento tanto da via quanto do veículo; e negligente, ao não verificar as condições de funcionamento dos freios. Já o proprietário foi acusado de agir de maneira negligente, por não assegurar a manutenção adequada do sistema de freios do semirreboque.
Conforme apurado, o motorista conduzia o veículo carregado com 24 toneladas de peças automotivas, utilizando marchas e velocidade incompatíveis com as características da via e do caminhão. Durante a descida da serra, o freio motor não foi acionado corretamente, comprometendo o controle do veículo. Isso resultou na colisão do caminhão com a traseira da van que transportava a equipe de remo, arrastando-a para fora da pista. O caminhão tombou sobre o veículo menor, provocando o óbito imediato das vítimas.
A perícia técnica apontou que o sistema de freios do semirreboque estava em condições precárias, com funcionamento apenas parcial, insuficiente para desacelerar a carga transportada. O proprietário, como empregador e responsável pelo caminhão, não garantiu a manutenção necessária, contribuindo para o desfecho fatal, segundo o MP-PR.
Além de requerer a punição dos denunciados conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro, o MPPR solicitou a fixação de um valor mínimo para reparação ao sobrevivente e aos herdeiros das vítimas fatais.
A tragédia mobilizou autoridades e reacendeu o debate sobre as condições de segurança em rodovias, especialmente em trechos de serra. A denúncia segue agora para análise judicial.