No celular do técnico de enfermagem Wesley da Silva Ferreira, de 25 anos, o MP-PR (Ministério Público do Paraná) encontrou foto dele com uma criança de quatro anos no quarto, enquanto ele trabalhava em um hospital referência de Curitiba.
A informação está na denúncia apresentada pelo MP-PR após o enfermeiro ser indiciado por cinco crimes por estupro de vulnerável, registro e compartilhamento não autorizado de intimidade sexual, produção de conteúdo pornográfico envolvendo criança, armazenamento de conteúdo pornográfico infantil, lesão corporal de natureza grave pela transmissão de doença incurável (no caso Aids).
Pesa ainda como agravante o fato dos crimes terem sido cometidos em função do cargo que o denunciado ocupava – de profissional responsável pelos setores onde aconteceram – e das vítimas serem pessoas hospitalizadas.
Wesley da Silva Ferreira também é acusado de transmitir HIV para um ex-companheiro e a polícia está investigando se não há uma deliberação para contaminar aleatoriamente outras pessoas.
Parte dos registros foi filmado outra fotografado e armazenado no telefone celular de Wesley da Silva Ferreira.
“Uma das vítimas tinha apenas quatro anos de idade. Em todas as situações citadas nos autos, as vítimas estavam sedadas. Além desses abusos, o MPPR aponta como vítima um ex-companheiro do acusado, para quem ele transmitiu HIV ao manter relação sexual deliberadamente sem o uso de preservativo – a vítima não sabia dessa condição de saúde do denunciado”, divulgou o MP-PR na acusação.
A promotora Tarcila Santos Teixeira disse que todo o processo tramita sob sigilo para preservar as vítimas, de forma muito especial em relação à criança, que não vamos falar nada nem sobre o fato e nem sobre o hospital em que ocorreu.
Com relação a criança a promotora explicou que “é uma questão de produção de imagem, a criança não sofreu violência sexual direta, mas sim indireta, por meio da produção de conteúdo pornográfico. Não houve estupro de vulnerável em face de criança, pelo menos os registros até então encontrados não conta dessa prática”.
“Ele trabalhava no hospital, não era o responsável pelos cuidados em relação a essa vítima, não compunha a equipe que cuidava dessa criança, mas por ser profissional que atende naquele hospital, teve acesso privilegiado a essa criança, entrou no quarto e fez um registro fotográfico”, detalhou Tarcila Santos Teixeira.
“Nós não concluímos, estamos hoje formalizando uma parte da acusação com base no que já temos de elementos probatórios seguros e concretos”, explica a promotora
A denúncia do Ministério Público diz que entre novembro de 2023 e outubro deste ano seis vítimas foram abusadas, uma delas já morreu, sendo quatro delas já identificadas.