Curitiba está com a qualidade do ar cada vez pior. As temperaturas extremas está condensando a sujeira, causando falta de ar e sensação de queimação no nariz e nos olhos dos curitibanos. Recentemente, alertas de calor excessivo foram acompanhados de avisos sobre a qualidade do ar daqui e em várias regiões do país. Por que isso ocorre?
O Jornal Paraná conversou com especialistas em qualidade do ar que explicaram como ondas de calor, que têm ocorrido com mais frequência e durado mais tempo, podem piorar a qualidade do ar — e o que isso significa para a sua saúde.
Qual é a relação entre a qualidade do ar e o calor extremo?
Marianthi-Anna Kioumourtzoglou, professora de ciências ambientais, explicou ao Jornal Paraná que a luz solar cria um tipo de poluição atmosférica chamada ozônio, um gás tóxico gerado na atmosfera da Terra. Embora a concentração de ozônio seja mais comum no verão, ela pode se agravar em dias particularmente quentes e com pouca circulação de ar.
“A poluição pode ficar concentrada sobre uma cidade”, disse Kioumourtzoglou.
“As condições de verão, com muito calor e sol intenso, aceleram a química que gera mais ozônio”, explicou Peter DeCarlo, professor de saúde ambiental e engenharia.
Além disso, condições de seca podem piorar a qualidade do ar ao desencadear incêndios florestais, que liberam monóxido de carbono e partículas poluentes na atmosfera. “Incêndios são uma grande fonte de poluição”, afirmou Glory Dolphin Hammes, CEO de uma empresa de monitoramento de qualidade do ar. “Com as mudanças climáticas, temos mais condições de seca do que antes, pois a Terra está ficando mais quente.”
Como monitorar a qualidade do ar na sua região?
“Existem diferentes classificações da qualidade do ar, desde boa até moderada, ou prejudicial para grupos sensíveis, e, em casos mais graves, prejudicial para todos”, explicou DeCarlo.
Agências ambientais mantêm uma vasta rede de estações de monitoramento que enviam medições horárias ou diárias dos seguintes poluentes atmosféricos para os bancos de dados:
- Ozônio ao nível do solo
- Material particulado
- Monóxido de carbono
- Dióxido de enxofre
- Dióxido de nitrogênio
Quando o material particulado — definido como “uma mistura de partículas sólidas e gotículas líquidas no ar” — atinge níveis prejudiciais à saúde, um alerta de qualidade do ar é emitido em muitos smartphones.
A má qualidade do ar pode agravar os efeitos do calor extremo?
Especialistas afirmam que a poluição do ar pode ser bastante tóxica para a saúde. Ela está associada a problemas cardiovasculares, complicações na gravidez e no desenvolvimento neurológico. Ao inalar poluição, as partículas podem causar um desequilíbrio no corpo conhecido como estresse oxidativo, além de inflamação nos pulmões, provocando falta de ar, chiado e aperto no peito.
“Tanto a inflamação quanto o estresse oxidativo são prejudiciais ao corpo”, afirmou Kioumourtzoglou. “É por isso que a poluição pode afetar todos os nossos órgãos e sistemas.”
Hammes sugeriu algumas formas de se proteger da poluição em dias de calor extremo, como evitar atividades ao ar livre, usar uma máscara N95 adequada, utilizar purificadores de ar e ligar o ar-condicionado em ambientes fechados.
