Todo mundo, de vez em quando, sente um “nó na garganta” que altera temporariamente a voz. Isso pode ser causado por um resfriado ou alergias sazonais, especialmente quando há gotejamento pós-nasal. O envelhecimento também pode influenciar a forma como falamos. No entanto, em alguns casos, essas mudanças na voz podem persistir e ser sinal de uma condição crônica mais grave, que requer atenção médica.
Aqui estão algumas condições que podem afetar sua voz e o que você deve observar.
Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)
A doença do refluxo gastroesofágico, conhecida como DRGE, é uma condição digestiva em que o ácido estomacal, e às vezes a bile, voltam para o esôfago, irritando a mucosa do tubo digestivo.
“A DRGE pode irritar as cordas vocais, causando rouquidão, especialmente pela manhã,” explica a Dra. Alexa Mieses Malchuk, médica de família. “Uma pessoa com DRGE pode também tossir ou limpar a garganta frequentemente devido ao refluxo do ácido estomacal.”
Essa irritação na garganta e a tosse frequente podem alterar o som da voz. Malchuk recomenda que qualquer pessoa com tosse persistente sem causa aparente seja avaliada para DRGE ou gotejamento pós-nasal, pois, se não tratada, a DRGE pode levar a complicações sérias.
Doença de Parkinson
A doença de Parkinson é um distúrbio progressivo que afeta os movimentos, causando tremores, rigidez e dificuldade de coordenação. Mudanças na voz também são comuns. Um estudo de 2020 indicou que a disfunção vocal pode ser um dos primeiros sinais de comprometimento motor no Parkinson, embora essa área ainda esteja sendo pesquisada.
“A fala envolve múltiplas funções cognitivas que incluem processar o que você ouve, organizar seus pensamentos e produzir palavras,” explica a Dra. Ariane Park, neurologista. O Parkinson pode afetar a voz de diversas maneiras, como torná-la mais suave, rouca ou monótona, além de dificultar a articulação das palavras.
Se houver mudanças na voz junto com outros sintomas neurológicos, é importante procurar um neurologista, pois um diagnóstico precoce pode ajudar a direcionar o tratamento adequado, como medicações e terapia fonoaudiológica.
Doença de Alzheimer
O Alzheimer é uma doença degenerativa que provoca alterações no cérebro, causando perda de memória, confusão e dificuldade em encontrar palavras. Pessoas com Alzheimer podem apresentar disfunção da linguagem, como dificuldade em nomear objetos familiares e pausas frequentes durante a fala.
Estudos recentes estão explorando o uso de tecnologias assistidas por IA para analisar a fala de pessoas com Alzheimer e ajudar no diagnóstico precoce da doença.
Esclerose lateral amiotrófica (ELA)
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa que afeta os neurônios motores, resultando em fraqueza nos músculos que controlam a fala. Isso pode deixar a fala lenta, arrastada e fraca. A ELA também pode afetar os músculos respiratórios, impactando ainda mais a capacidade de falar.
A análise da fala está sendo estudada como uma maneira de monitorar o progresso da ELA e auxiliar no desenvolvimento de tratamentos mais direcionados.
Transtorno bipolar
O transtorno bipolar é uma condição crônica de saúde mental que provoca mudanças extremas de humor, desde episódios de euforia até períodos de depressão. Essas mudanças afetam a voz, que pode se tornar rápida e pressionada durante os episódios de mania, ou lenta e suave nos períodos depressivos.
Mudanças nos padrões de fala também podem ser observadas em outras condições de saúde mental, como o transtorno obsessivo-compulsivo, onde as pessoas podem repetir palavras ou frases.
Os especialistas afirmam que a fala de uma pessoa é uma janela para seu estado emocional, e quaisquer notórias alterações no padrão de fala pode ser um indicativo de problemas de saúde mental.