De transplantes de rim de porco a avanços na cura da surdez genética, 2024 foi marcada por grandes conquistas médicas.
Entre os maiores avanços deste ano estão a descoberta de uma causa para uma doença autoimune, o desenvolvimento de um medicamento revolucionário e novas esperanças para pacientes com falência terminal de órgãos.
Aqui estão cinco dos maiores destaques médicos deste ano:
Terapia genética restaura audição em crianças
Crianças com surdez hereditária recuperaram a audição graças a uma terapia genética, conforme um estudo clínico publicado em janeiro.
Pesquisadores do hospital Mass Eye and Ear, em Boston, analisaram seis crianças com surdez genética do tipo DFNB9, causada por uma mutação que impede a transmissão dos sinais sonoros do ouvido ao cérebro.
A terapia utilizou um vírus inativo para transportar uma versão funcional do gene defeituoso até o ouvido interno das crianças. Após 26 semanas, cinco delas recuperaram a audição e conseguiram engajar em conversa oral.
“Até agora, a única opção de tratamento para essa condição era o implante coclear”, explicou o pesquisador Dr. Zheng-Yi Chen. “Embora os implantes sejam eficazes, possuem limitações. Com a terapia genética, as crianças não apenas recuperaram a audição, mas também a habilidade de falar, transformando suas vidas.”
O estudo abre caminho para o desenvolvimento de tratamentos para outras formas de surdez genética que, atualmente, não possuem cura.
Transplante pioneiro de órgão animal
Cirurgiões do Hospital Geral de Massachusetts (MGH) realizaram o primeiro transplante de rim de porco geneticamente modificado em um humano vivo, em março de 2024.
Durante o procedimento de quatro horas, a equipe conectou os vasos sanguíneos e o ureter do rim do porco aos de Richard Slayman, um paciente de 62 anos com doença renal terminal.
“O transplante é o melhor tratamento para pacientes com insuficiência renal, mas enfrentamos uma grave escassez de órgãos”, disse o Dr. Leonardo Riella, diretor médico de transplantes renais no MGH. “Mais de 100 mil pessoas aguardam transplantes, e mais de 17 morrem diariamente na fila de espera.”
Apesar do falecimento de Slayman em maio, não houve evidências de que o transplante tenha causado sua morte. O procedimento proporcionou aprendizados valiosos para futuros transplantes de órgãos animais.
Descoberta de uma causa para o lúpus
Pesquisadores dos hospitais Brigham & Women’s e Northwestern Medicine descobriram uma causa para o lúpus, doença autoimune em que o sistema imunológico ataca células saudáveis, causando inflamação e danos aos órgãos.
O estudo analisou amostras de sangue de 19 pacientes com lúpus e identificou desequilíbrios nos tipos de células T, que desempenham papel crucial na resposta imune.
“Identificamos um desequilíbrio fundamental na resposta imune dos pacientes e mediadores específicos que podem corrigir esse problema, reduzindo a resposta autoimune patológica”, explicou o Dr. Deepak Rao, coautor do estudo.
Novo medicamento para esquizofrenia
Em setembro, foi aprovado o primeiro medicamento de uma nova classe para tratar a esquizofrenia em mais de três décadas.
Chamado Cobenfy, o remédio combina duas substâncias, xanomelina e cloreto de trospium, sendo administrado duas vezes ao dia.
O Dr. René Kahn destacou que o medicamento não afeta diretamente os receptores de dopamina, reduzindo os efeitos colaterais desagradáveis dos tratamentos tradicionais. “É um divisor de águas, pois mostra que podemos tratar a esquizofrenia por mecanismos diferentes”, afirmou.
O próximo passo será monitorar o uso do Cobenfy em larga escala para avaliar sua eficácia e segurança.
1º teste combo de Covid-19 e gripe
Em outubro foi feito primeiro teste combinado para Covid-19 e gripe disponível sem receita fora de uso emergencial.
O teste Healgen Rapid Check pode ser comprado em farmácias e outros estabelecimentos. Essa é a primeira autorização para comercialização em um contexto fora de emergências de saúde pública.
