O Paraná registrou o inverno mais quente em quase três décadas de monitoramento pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Regiões como Curitiba, Norte, Norte Pioneiro, Central e Noroeste do Estado bateram recordes de temperatura média para o período, que começou a ser mensurado pelo instituto em 1997.
Curitiba atingiu uma temperatura média de 15,9°C, superando em 0,1°C o recorde anterior, registrado em 2006. No Noroeste, a média saltou de 20,9°C (2002) para 21,7°C; no Norte/Norte Pioneiro, subiu de 19,3°C (2023) para 19,7°C; e na região central, com Guarapuava como referência, passou de 15,3°C para 15,6°C. As regiões Oeste, Sudoeste, Sul e Litoral foram as únicas que não superaram suas próprias médias históricas.
De acordo com o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, o fenômeno é resultado de uma combinação de fatores. “Cidades mais urbanizadas, como Curitiba, tornaram-se ilhas de calor neste inverno, principalmente devido à descida das massas de ar quente, que normalmente permanecem concentradas na região central do Brasil nesta época. Além disso, as massas de ar frio não foram persistentes, trazendo poucos dias de temperaturas mais baixas antes que o calor voltasse rapidamente”, explicou Kneib.
Inverno que, além do calor, foi marcado pelo tempo seco, estiagem e incêndios florestais, o que levou o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) a decretar situação de emergência em todo o Paraná.
Cidades como Paranavaí e Cambará ficaram mais de 20 dias sem chuva. A média da umidade relativa do ar mínima chegou a ser inferior a 20% nas regiões Norte, Norte Pioneiro e Noroeste e menor do que 30% nas regiões Central e Sudoeste do Paraná. A expectativa é de que, apenas em setembro, a chuva acumulada seja 38% menor do que a média histórica para o período.
“O Estado inteiro ficou mais quente e seco, o que ajudou a colaborar com os focos de incêndios florestais”, disse o meteorologista.
Combinação fez também com a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (Sedest) estabelecesse novas diretrizes e critérios técnicos para o enfrentamento da estiagem no Paraná. A Resolução nº 42/2024, com base no decreto de situação de emergência, alterou de 0,5 para até 0,8 o coeficiente para o cálculo da vazão máxima outorgável em corpos hídricos superficiais de domínio estadual para captações/derivações de água e lançamentos de efluentes.
Além disso, ficam proibidas as ampliações e a instalação de novos usuários e empreendimentos em áreas de manancial, cujas finalidades de uso não sejam abastecimento público ou dessedentação de animais; e também as ampliações e a instalação de novos usuários e empreendimentos em bacias hidrográficas que já estão no limite máximo outorgável para diluição de efluentes. As medidas, contudo, só entram em vigor a partir aprovação de cada um dos 12 Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) do Paraná.