À “apenas” 210 anos-luz da Terra, existe um planeta realmente fora do comum, que desafiou os astrônomos por muito tempo. Ele se chama WASP 107b.
Em 2017, quando foi descoberto, as primeiras observações apontavam que era mais ou menos do tamanho de Júpiter, mas cerca de 10 vezes menos massivo! Por isso, ganhou o apelido carinhoso de “super-fofo”, parecendo um marshmallow ou algodão-doce gingante.
Por anos, os especialistas se perguntaram: como um planeta poderia ser tão grande em diâmetro, mas tão leve em massa? Pelos modelos científicos conhecidos, aquele exoplaneta não deveria existir.
“As pessoas entraram emloop tentando descobrir como criar um planeta daquele jeito”, relatou David Sing, renomado astrônomo da Universidade Johns Hopkins.
Normalmente, quanto mais matéria um planeta acumula, maior e mais massivo ele fica, assim como acontece com os humanos. Então, se o WASP 107b era mesmo tão grande, por que não tinha uma massa compatível?
“O WASP 107b é um completo pária entre os pários”, resumiu Luis Welbanks, pesquisador da NASA na Universidade do Arizona.
Agora, graças às observações do poderoso telescópio James Webb, duas equipes independentes de astrônomos – uma liderada por Sing e outra por Welbanks – acreditam ter finalmente desvendado o mistério. E chegaram a conclusões muito similares, reforçando mutuamente os achados.
Ambas apontam que a resposta estava escondida no núcleo do WASP 107b. O centro desse exoplaneta é muito mais quente e massivo do que se imaginava antes.
Mas para chegar a essa revelação, os dois grupos precisaram fazer uma verdadeira investigação espacial de ponta.
Por que levou tanto tempo para entender as origens misteriosas do WASP 107b? Simples: falta de informação devido às limitações tecnológicas.
Graças às observações iniciais do telescópio Hubble, os astrônomos sabiam algumas coisas sobre o WASP 107b quando ele foi detectado, mas não o suficiente para responder a grande questão.
Então, inicialmente recorreram a modelos científicos para preencher as lacunas. Uma grande incógnita era sobre o núcleo do exoplaneta.
Os modelos sugeriam que o núcleo deveria ser relativamente pequeno e frio, explicou Sing. “O que era um verdadeiro mistério”, pois gigantes gasosos como Júpiter e o WASP 107b normalmente precisam de núcleos massivos e quentes para acumular todo aquele gás.
Segundo os modelos, o núcleo do WASP 107b não passava de 4,6 massas terrestres. Claramente, faltavam peças importantes nesse quebra-cabeça.
Aí vem o James Webb: o telescópio espacial mais avançado já criado. Com ele, Sing e Welbanks descobriram que todas as suposições anteriores sobre o interior do WASP 107b estavam erradas.