Na véspera de Natal de 1800, o cientista inglês William Hyde Wollaston adquiriu uma peça de minério de platina quase pura, comprada secretamente e contrabandeada da colônia espanhola de Nueva Granada (hoje, Colômbia) por £795 (equivalente a R$5.230,65 na época e a R$115.408,64 atualmente).
Wollaston tinha grandes expectativas, acreditando que poderia desenvolver um processo químico capaz de transformar o minério sólido em platina maleável. No entanto, o material escondia um segredo: um metal raro e até então desconhecido pela ciência. Hoje, esse metal é o mais valioso do planeta: o ródio, elemento químico de símbolo Rh e número atômico 45.
O descobrimento inesperado do ródio
Com o minério de platina contrabandeado, Wollaston realizou, em poucos anos, o que outros cientistas não conseguiram: desenvolveu um processo químico que isolou a platina e a tornou maleável.
Ao dissolver o minério no laboratório, ele produziu resíduos solúveis e insolúveis. Durante o processo, notou que permaneciam sais avermelhados, algo incomum para a platina. Desconfiando da presença de outro elemento, Wollaston anunciou entre 1803 e 1804 a descoberta de dois novos metais preciosos: o paládio e o ródio.
O que é o ródio?
O ródio é um metal ultra-brilhante e resistente à corrosão, amplamente utilizado em indústrias como automotiva, joalheira, química e elétrica. O especialista Shaun Peterson atribui o alto valor à raridade e à demanda global, principalmente na fabricação de carros.
“As novas regulações para emissões mais limpas, especialmente na China e na Europa, contribuíram para o aumento do preço do ródio”, explica Peterson. Atualmente, o preço do ródio é de R$69.720,00 por grama, muito superior ao da platina (R$4.772,40), paládio (R$9.289,20) ou ouro (R$8.877,60).
O ródio nunca é encontrado na forma pura, sendo geralmente um subproduto minúsculo do refino de platina, cobre e níquel. Suas principais fontes incluem operações de mineração de platina na África do Sul, areias de rios nas Américas e minérios de sulfeto de cobre-níquel em Ontário, Canadá.
A origem do nome
Wollaston nomeou o metal como “ródio”, inspirado no termo grego para rosa, “rhodon”, devido aos sais avermelhados que se dissolviam no ácido nítrico. O ródio faz parte do grupo de metais da platina, que inclui platina, paládio, rutênio, irídio e ósmio. Esses metais compartilham características semelhantes, como durabilidade, raridade e alto valor.
Usos e benefícios do ródio
Cerca de 80% do ródio disponível é usado em catalisadores automotivos para reduzir emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), gases tóxicos emitidos por veículos e indústrias. Além disso, o ródio é crucial em reações químicas, fabricação de ácido nítrico e produção de mentol para gomas de mascar.
Na joalheria, o ródio é apreciado por seu brilho prateado, resistência a riscos e propriedades hipoalergênicas. Apesar de seu uso comum como revestimento, o ródio puro é difícil de manipular devido à sua dureza e alto ponto de fusão (1.963°C).
Embora o revestimento de ródio em joias seja durável, ele é fino e pode desgastar-se com o tempo, necessitando de reaplicação a cada um ou dois anos.
Graças à descoberta de Wollaston há mais de dois séculos, hoje podemos usar e aproveitar o metal mais precioso do planeta. Seja em joias, carros ou processos industriais, o ródio permanece essencial em diversas áreas, refletindo sua raridade e valor incomparáveis.