A “Revolta dos Colonos” ou “Revolta dos Posseiros” Público foi lembrada nesta segunda-feira (9), na Assembleia Legislativa do Paraná, pelos seus 66 anos. Levante realizado por colonos e posseiros armados iniciado em 10 de outubro de 1957, como forma de repúdio aos sérios problemas de colonização da região que se estabeleceu entre posseiros, colonos, companhias de terras grileiras, e os governos federal e estadual.
Foi inaugurada uma exposição fotográfica do acervo do fotógrafo Oswaldo Jansen, documentos e de objetos da época por proposição do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSD) e Anibelli Neto (MDB) em atenção à lei estadual nº 16.850/2011 que incluiu no Calendário Oficial do Paraná o “Dia da Revolta dos Posseiros do Sudoeste do Paraná”.
Para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Luiz Traiano (PSD) “a iniciativa de mostrarmos um pouco daquilo que ocorreu na região do Sudoeste do Paraná através desta exposição é porque àqueles que aqui residem, não tem noção do que foi esta “Revolta dos Colonos” de 1957. As terras do Sudoeste, consideradas devolutas, ou seja, da União, foram ocupadas por pequenos agricultores que vieram de Santa Catarina e Rio Grande do Sul valendo-se de pequenas posses e a partir de 1957 foi criada pelo governo Moisés Lupion (CITLA) que se dizia dona das propriedades para que os pequenos agricultores fossem obrigados a realizar a titulação das terras junto a esta empresa. Com o apoio do exército nacional da época e líderes da região os pequenos agricultores fizeram este movimento para retomar a posse das terras e regularizá-las diante do Poder Público e não para uma empresa apenas. Foi a primeira reforma agrária no Brasil”.
O deputado Anibelli Neto (MDB) proponente da exposição e do espaço no Grande Expediente para a pronunciamento do jornalista e escritor Ivo Antônio Pegoraro comentou sobre a importância da Revolta dos Posseiros. “O exemplo da “Revolta dos Posseiros” é a briga do pequeno contra o grande, daquele que era humilde e que desejava construir uma família contra aqueles que queria apenas ganhar dinheiro. Quer agradecer ao prefeito Cleber Fontana de Francisco Beltrão que oportunizou a vinda desta exposição aqui para a Alep e espero que nos próximos anos, nós possamos trazer mais dados, mais documentos, mais testemunhos desta lut pela vida, pela terra e pela oportunidade de sustentar a família”.
A exposição aberta ao público, permanece no Espaço Cultural da Assembleia Legislativa nos dias 09,10 e 11 de outubro das 9h às 18h, e é parte integrante do acervo do Memorial de Francisco Beltrão e foi organizada pelo seu coordenador Bruno Packard que ressaltou a importância de contar um pouco da história do Paraná.
Grande Expediente
Participaram da abertura da exposição, além dos deputados proponentes, presidente Ademar Traiano e de deputado Anibelli Neto, os deputados Reichembach (PSD) e Nelson Justus (União Brasil), o presidente da Associação Paranaense de Imprensa, senhor Rafael de Lala, o ex-governador Orlando Pessutti e o autor do livro “Politização do Sudoeste do Paraná”, jornalista e escritor Ivo Antônio Pegoraro que utilizou o horário do Grande Expediente”.
Histórico
Na década de 50, quando a região sediou este conflito pela posse da terra, movimento que envolveu disputa de áreas agrícolas entre o governo federal, estadual, companhias de terras e posseiros nas cidades de Francisco Beltrão, Capanema, Pato Branco, Santo Antonio do Sudoeste e Dois Vizinhos; e cujas demandas sociais surgiram nas Glebas Missões e Chopim, na fronteira com a Argentina.
Os colonos não sabiam a quem recorrer para pedir ajuda, pois, no campo político, contavam apenas com o Senador Othon Maeder em Brasília, e com o deputado Estadual Anibelli. Ambos faziam oposição ao governador Moises Lupion.
A insatisfação popular era grande na região, a ponto da população de Pato Branco pegar em armas e ir às ruas, sendo que no dia 09 de outubro de 1957, aproveitando a ausência do prefeito, os posseiros tomaram os principais pontos da cidade; a notícia chegando à Francisco Beltrão fez com que os colonos de lá também aderissem ao movimentando, tomando a cidade do Sudoeste no 10 de outubro e outros municípios sudoestinos seguiram na mesma trilha.
O Ministro da Guerra, Teixeira Lott, deu um ultimato ao governador do Paraná Moysés Lupion. Teria que fechar as companhias imobiliárias e acomodar os colonos. Caso contrário, haveria intervenção federal na região. Foi então decidido pelo governo paranaense afastar definitivamente as companhias da região. O interesse político a nível nacional acabou prevalecendo sobre o interesse econômico.