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Sonecas nas pausas do trabalho melhoram a memória e concentração

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Pessoas que têm o hábito de dormir no trabalho formam uma espécie de sociedade secreta dentro da força de trabalho. Inspirados por famosos adeptos do cochilo, como Winston Churchill e Albert Einstein, os que hoje em dia se dedicam a tirar sonecas frequentemente aproveitam breves pausas para descansar, acreditando que isso melhora o desempenho cognitivo, embora ainda haja um estigma associado à prática.

Vários estudos destacam os benefícios do cochilo, como a melhora da memória e da concentração. A sesta no meio da tarde é comum em partes da Espanha e da Itália. Na China e no Japão, incentiva-se cochilar, já que trabalhar até o esgotamento é visto como uma demonstração de muita dedicação.

No entanto, aqui no Brasil, é difícil tirar uma soneca durante o horário comercial regular, onde quem cochila pode ser visto como preguiçoso. Indivíduos dispostos a desafiar o status quo estão se tornando menos hesitantes em descrever os benefícios de uma soneca.

A arte de cochilar

O sono é tão importante para a saúde quanto a dieta e o exercício, mas muitas pessoas não dormem o suficiente, afirma o especialista em sono James Rowley.

“Muito disso tem a ver com eletrônicos. Antes eram as TVs, mas agora os celulares são os maiores culpados. As pessoas levam os telefones para a cama e ficam assistindo”, disse Rowley.

Cochilar não é comum no meio acadêmico, onde há uma pressão constante para publicar, mas a professora de universidade Julianna Kirschner, encaixa sonecas diurnas sempre que possível. Kirschner estuda as mídias sociais, que, segundo ela, são projetadas para liberar uma onda de dopamina no cérebro. Os usuários perdem a noção do tempo nessas plataformas, o que atrapalha o sono. Kirschner diz que não está imune a esse problema — daí a necessidade de cochilar.

A chave para um cochilo eficaz é mantê-lo curto, disse Rowley. Cochilos curtos podem ser revigorantes e tendem a deixar a pessoa mais alerta. “A maioria das pessoas não percebe que os cochilos devem durar entre 15 e 20 minutos”, disse Rowley. “Se forem mais longos, você pode ter problemas com inércia do sono, dificuldade para acordar e ficar grogue.” Indivíduos que se veem constantemente dependendo de cochilos para compensar a falta de sono provavelmente também deveriam revisar os hábitos noturnos, ele acrescentou.

Uma questão de horário

O meio da tarde é o momento ideal para um cochilo, pois coincide com uma queda natural no ritmo circadiano, enquanto cochilar após as 18h pode interferir no sono noturno para quem trabalha durante o dia, disse Michael Chee, um especialista em saúde do sono. “Qualquer duração de cochilo vai te recarregar. É uma válvula de alívio. Há claros benefícios cognitivos em tirar uma soneca”, disse Chee.

Uma revisão de estudos sobre cochilos sugere que 30 minutos é a duração ideal em termos de praticidade e benefícios, disse a pesquisadora Ruth Leong. “Quando as pessoas cochilam por muito tempo, pode não ser uma prática sustentável, e cochilos muito longos, que ultrapassam duas horas, afetam o sono noturno”, disse Leong.

Especialistas recomendam definir um alarme para 20 a 30 minutos, o que dá aos cochiladores alguns minutos para adormecer. Mas até mesmo um cochilo de seis minutos pode ser revigorante e melhorar o aprendizado, disse Valentin Dragoi, diretor científico do Centro de Restauração de Sistemas Neurais.

Nadando contra a maré

Embora cochilar no trabalho seja incomum no Brasil, algumas empresas e gerentes incentivam a prática. Will Bryk, fundador da startup de busca por IA, é um defensor de cochilos de 20 minutos e encomendou duas cápsulas de sono para os funcionários usarem no escritório da empresa em São Francisco.

A fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s tem uma sala de soneca há algumas décadas, e alguns funcionários a utilizam, disse o porta-voz da empresa, Sean Greenwood. “Funcionários que se sentem cuidados têm muito mais probabilidade de usar isso de forma responsável”, disse ele.

Arianna Huffington, cofundadora de um site de notícias, tornou-se defensora de uma boa noite de sono e de cochilos ocasionais após desmaiar de exaustão em 2007. Ela instalou uma sala de soneca na antiga empresa. “Se as pessoas ficaram acordadas a noite toda por causa de um filho doente ou de um voo atrasado, e tiverem a oportunidade de cochilar, então serão muito mais produtivas e criativas pelo resto do dia, em vez de se arrastarem ou tentarem aumentar a energia com vários cafés ou pães de canela”, disse Huffington em um e-mail.

Kirsten Perez, de 33 anos, é uma devota dos cochilos. Ela costumava usar o horário de almoço no trabalho para tirar uma soneca no carro. Quando conseguiu o próprio escritório, fechava a porta para uma sesta. Hoje, trabalhando em casa como gerente de marketing na Nvidia, a residente de Atlanta geralmente tira sua soneca diária na cama. Ela define um alarme para 15 minutos, adormece em menos de um minuto e acorda 30 segundos antes do alarme tocar.

“Eu percebo quando meu raciocínio e meu humor estão declinando, quando sinto o cansaço do dia”, disse Perez. Nessas situações, ela se pergunta: “‘Será que tenho um tempo livre na próxima hora?’ E então eu descubro quando posso encontrar 15 minutos e me deitar.”

Leia também: Dicas para evitar o cansaço através da alimentação

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