Curitiba e Região Metropolitana não terão mais rodízio de água. O anúncio foi feito pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e pelo diretor-presidente da Sanepar, Claudio Stabile, nesta quarta-feira (19). Os reservatórios que compõem o Sistema de Abastecimento Integrado (SAIC) atingiram nível médio de 80,34% da capacidade com as chuvas de janeiro, antecipando a programação do fim do rodízio, previsto para março. A normalização do abastecimento deve ocorrer até as 16 horas de sexta-feira (21).
Eles também anunciaram que não haverá novo rodízio no abastecimento em 2022, mesmo no pior cenário de estiagem. Com as obras realizadas nos últimos dois anos e a conscientização do uso racional por parte da população, os reservatórios têm capacidade de atendimento de 12 a 16 meses. Ainda assim, o Estado permanece sob alerta de emergência hídrica porque enfrenta a seca mais severa dos últimos 91 anos.
Foram 649 dias de rodízio, implementado em março de 2020. Nesse período, o rodízio e todas as medidas implementadas junto à população geraram economia de 89,8 bilhões de litros de água. De agosto de 2020 a dezembro de 2021, dentro da Meta20, houve economia média de 17,17%.
“É um dia importante: depois de dois anos de rodízio, conseguimos cumprir a meta de chegar a 80% dos reservatórios para finalizar o rodízio em Curitiba e na Região Metropolitana. E não foi só a chuva que fez com que alcançássemos esse patamar. Nesses dois anos de calamidade hídrica, tivemos muito trabalho de uma equipe de colaboradores da Sanepar; obras antecipadas, como a transposição do Rio Capivari; e ajuda da população”, disse o governador. “Mesmo sem chuva constante, não teremos rodízio nos próximos 12 meses”.
“Tivemos uma escassez hídrica concomitante com a pandemia nesses últimos anos. E agora temos a notícia que um desses grandes problemas está resolvido. Mesmo não tendo chuvas regulares, temos a garantia da preservação do sistema sem rodízio. Claro que nesse período vamos continuar trabalhando. Temos várias obras antecipadas no Estado, estamos mobilizando as equipes, olhando a curto e médio prazo, para deixar um legado para o Paraná”, complementou Stabile.
Segundo ele, sem as ações implementadas, principalmente o rodízio, o sistema teria entrado em colapso em outubro/novembro de 2020, quando as barragens teriam atingido níveis entre 12,7% e 13,1%, o que praticamente inviabilizaria o fornecimento de água. O cenário se repetiria a partir de julho/agosto de 2021, quando os níveis chegariam a 11%, baixando até 4,5% em outubro de 2021.
OBRAS – Nesse período de rodízio preventivo, para manter o abastecimento, a Sanepar executou uma série de obras, além da semeadura de nuvens para induzir chuvas na cabeceira dos rios.
Entre as obras estão captações emergenciais e transposições, como a antecipação de interligações da estação elevatória do Corte Branco, no Uberaba, a adutoras para reforçar a distribuição de água na região Sul de Curitiba; captações emergenciais em cavas de extração de areia em Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais e Campo Magro; e reativação da captação de água do Reservatório do Carvalho, nos Mananciais da Serra, levando água à Barragem do Piraquara I.
Também fazem parte das intervenções executadas nos últimos dois anos a transposição do Rio Pequeno e do Rio Miringuava Mirim ao Rio Miringuava; a transposição do Rio Verde, em Campo Lago, até a Barragem do Passaúna, por meio de adutora com capacidade de transportar até 200 litros por segundo; e a transposição do Rio Capivari para o Rio Iraí, por meio de implantação de sistema de captação, estações elevatórias e adutora, tornando possível utilizar até 700 litros por segundo.
E a Sanepar ainda pretende entregar em 2022 as obras da Barragem do Miringuava. Com investimentos de R$ 160 milhões, a barragem vai incrementar 38 bilhões de litros de água na reservação do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba (Saic). “É um reservatório com capacidade para atender 600 mil pessoas por dia. Todas essas obras foram feitas em cima de um planejamento importantíssimo da Sanepar. Estamos cuidando do futuro do Paraná”, disse Ratinho Junior.
COLOMBO – Apenas em Colombo o revezamento ainda permanece, mas apenas na região abastecida por poços, o que corresponde a 16% do município. Nesse caso, o rodízio está estabelecido para a Região Central, que abrange os bairros Butiatumirim, Fervida, São João, Santa Gema, Cercadinho, Serrinha, Itajacuru, Parque Embu, Arruda, Santa Tereza, Centro, Jardim Florença, Gabirobal, Uvaranal, Sapopema, Curitibano, Santa Fé, São Gabriel, Ana Rosa e Roça Grande.
HISTÓRICO DO RODÍZIO
– Início em 17 de março de 2020 para bairros da região Sul de Curitiba e cidades da RMC (Sul) em função de queda de vazão nos pontos de captação.
– A partir de 18 de maio de 2020, rodízio estendido a toda a cidade de Curitiba e outras cidades da RMC no modelo 1 dia sem água x 4 dias com água (divisão dos bairros em cinco grupos).
– Em 14 de agosto de 2020, rodízio de 36 horas com água x até 36 horas sem água (divisão dos bairros em três grupos).
– Em 15 de março de 2021, rodízio de 60 horas com água x até 36 horas de suspensão do fornecimento de água.
– Em 11 de agosto de 2021, rodízio voltou a ser de 36 horas x 36 horas.
– Em 15 de novembro de 2021, rodízio foi alterado para modelo de 60 horas x 36 horas.
– Em 17 de janeiro de 2022, rodízio foi alterado para modelo de 84 horas x 36 horas.
CIDADES
O rodízio abrangia 14 cidades da RMC: Curitiba, Araucária, Almirante Tamandaré, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, São José dos Pinhais e Tijucas do Sul. Algumas dessas cidades não são abastecidas pelas barragens, mas por sistemas isolados de rios e poços.