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quarta-feira, janeiro 1, 2025
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Trabalhadores remotos estão com dificuldades de voltar para o escritório

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Jason LaCroix sentia-se privilegiado por trabalhar de casa, especialmente como pai de duas crianças pequenas. Ele precisava de flexibilidade quando seu filho, na época com 6 anos, sofreu uma lesão cerebral e passou 35 dias na UTI.

LaCroix, engenheiro de sistemas, tirou licença e, depois, trabalhou remotamente enquanto gerenciava os cuidados e compromissos médicos do filho. Porém, em fevereiro, ele foi demitido do emprego onde trabalhava remotamente há cinco anos. O novo cargo exige presença no escritório quatro dias por semana e um deslocamento diário de três horas.

“Quero estar presente para os meus filhos”, disse LaCroix, de 44 anos. “É muito importante estar perto do meu filho, porque quase o perdemos.”

À medida que 2025 se aproxima, milhares de trabalhadores enfrentam uma realidade desafiadora: após anos trabalhando confortavelmente de casa, precisam voltar ao escritório em tempo integral ou buscar outro emprego.

Empresas como Amazon chamaram os funcionários de volta para o escritório para trabalharem cinco dias por semana. Nos Estados Unidos, Donald Trump prometeu demitir funcionários que não comparecerem para trabalhar presencialmente.

“As pessoas sempre desejam flexibilidade”, afirma o professor de administração Mark Ma. “Nunca ouvi alguém dizer que ama o trabalho por causa de sua rigidez de horário.”

Ma investigou o impacto do fim do trabalho remoto em empresas de tecnologia e finanças. Ele descobriu que as taxas de rotatividade aumentaram após a implementação de políticas de retorno ao escritório, especialmente entre mulheres com responsabilidades familiares e executivos seniores.

Nos últimos anos, muitas pessoas reorganizaram as vidas ao trabalhar remotamente. “Elas perceberam que podiam buscar os filhos na escola ou cuidar dos pais idosos enquanto trabalhavam”, explica Shavon Terrell-Camper, terapeuta e coach de bem-estar mental. “Depois de experimentar o trabalho remoto, é difícil voltar a uma rotina que talvez nunca tenha sido sustentável.”

Para lidar com a mudança, especialistas sugerem estratégias para negociar com os empregadores e maximizar a flexibilidade.

Empregadores podem encontrar um meio-termo ao aumentar o tempo que as equipes passam juntas. Uma abordagem sugerida por Ma é o da “escolha do funcionário”, onde os times decidem quantos dias trabalharão presencialmente.

Se isso não for possível, ajustar os horários pode ser uma opção. LaCroix, por exemplo, sai de casa às 5h e trabalha no escritório até as 14h, reduzindo o tempo no trânsito e estando em casa quando seus filhos chegam da escola.

“Alguns funcionários estão tentando encontrar brechas dentro das regras impostas”, observa Terrell-Camper. Práticas como “coffee badging”, onde se registra presença no escritório antes de voltar para casa, têm surgido. Supervisores, em alguns casos, até ajudam funcionários com abordagens “híbridas informais” para evitar a perda de talentos.

No entanto, a melhor abordagem é ter uma conversa franca com o gestor sobre as necessidades pessoais.

Condições médicas podem tornar o trabalho presencial ainda mais desafiador. Caio Ankney, estrategista de relações públicas, precisa de uma enfermeira para trocar seu cateter três vezes ao dia, o que inviabiliza estar no escritório. Ele explica sua situação às empresas ao se candidatar, mesmo que isso o deixe vulnerável.

“Normalmente, eu não lideraria uma conversa com ‘Tenho paralisia cerebral’, mas estou me vendo forçado a isso para verificar se há uma oportunidade viável para mim”, afirma Ankney.

Encontrar um trabalho totalmente remoto pode ser competitivo. Muitos trabalhadores não têm o luxo de deixar seus empregos atuais, mesmo com a exigência do retorno ao escritório, devido às condições econômicas instáveis.

Holly Keerikatte, advogada, optou pelo trabalho remoto, mesmo com uma oferta presencial que pagava 50% a mais. “Minha prioridade é o que é melhor para minha família”, diz. A dica dela é ser transparente sobre as suas necessidades e motivações.

Para quem precisa retornar ao escritório, há benefícios. Relações interpessoais podem se fortalecer, e conversas presenciais muitas vezes geram ideias que não surgem em reuniões virtuais. Atividades organizadas por empregadores também podem ajudar na transição.

No ambiente presencial, é mais fácil entender os colegas e resolver conflitos. Deborah Ann DeSnoo, diretora de vídeo no Japão, ressalta que a interação pessoal proporciona uma leitura mais clara das situações. “No Zoom, se ignoram você, não há muito o que fazer”, diz.

O retorno ao escritório pode ser desafiador, mas adaptar-se às mudanças com diálogo e criatividade pode fazer a diferença.

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