Nem o calor da brasa no churrasco estava tão intensa quanto a fúria do casal, discutindo tanto que era evidente que um não aguentava mais o outro. Talvez fosse estresse, desentendimentos passados mal resolvidos ou a bebida alcoólica que subiu à cabeça. Era gritaria atrás de gritaria e todo mundo em Sarandi conseguia escutar. Tamanha era a vontade de se estapear que era questão de tempo para acabar em algo mais físico.
Um adolescente, filho dela, enteado dele, tentou intervir, se pudesse fazer com que aquilo encerrasse de uma vez e parasse de constranger as visitas. Ele sabia que Daniel, o padrasto, ia longe demais com esse jeito treteiro de ser. Mas a intervenção apenas enfureceu mais o sujeito, cerrou o punho, levantou o braço e mandou ficar quieto, não era da conta dele.
No momento que ele ameaçava o jovem, a mãe pegou uma faca e já não queria saber de mais nada, tava na hora de furar esse nervosinho e assistir aquele babaca derramar um pouco de sangue no piso de cerâmica. Perfurou ele na costela, no tórax, já não sabia mais se queria era fazer ele parar ou parar de respirar.
As visitas já não acreditavam no que viam, um homem de 39 anos caído, ensanguentado, mal respirava. Se não chamassem por uma ambulância logo teria um baita de um presunto estendido no chão.
A Samu e os bombeiros conseguiram socorrer Daniel em estado grave, levando ele para ser internado às pressas para o Hospital Universitário de Maringá. A Guarda Civil Municipal também deu uma passadinha no churrasquinho, constatando que de fato algumas pessoas preferem carne sangrenta a bem passada. Prenderam ela em flagrante e levaram à Delelgacia da Polícia Civil de Maringá para que o delegado em plantão, Dr. William Araújo, formalizasse a prisão.