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Vírus Oropouche ameaça Brasil e a América Latina

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A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico devido ao aumento de casos do vírus Oropouche na América Latina, uma doença pouco conhecida transmitida por mosquitos e borrachudos.

O alerta foi divulgado na sexta-feira após a OPAS, principal agência internacional de saúde para as Américas, relatar as primeiras mortes associadas ao vírus — incluindo mortes fetais relacionadas a “possíveis casos de transmissão vertical”, em que o vírus é transmitido da mãe para o filho durante a gravidez.

Pelo menos 8.078 casos confirmados de Oropouche, incluindo dois fatais, foram relatados nas Américas. Os casos estão concentrados na Bolívia, Colômbia, Cuba, Peru e Brasil — o país com o maior número de casos confirmados e onde ocorreram as duas mortes.

Duas jovens brasileiras, de 21 e 24 anos, são consideradas as primeiras vítimas fatais do vírus. Segundo a OPAS, ambas faleceram poucos dias após apresentarem sintomas repentinos como febre, dores musculares, dor atrás dos olhos, dores de cabeça e vômito, entre outros sintomas. Um terceiro caso está sendo investigado no Brasil como uma possível terceira morte causada pelo Oropouche.

De acordo com a OPAS, foram confirmados 7.284 casos no Brasil, representando 90% de todos os casos confirmados de Oropouche nas Américas e um aumento significativo em relação aos 832 casos registrados no ano passado.

Entre outros casos fatais ainda sob investigação no Brasil estão uma morte fetal, um aborto espontâneo e quatro casos de recém-nascidos com microcefalia, uma malformação em que a cabeça do bebê é menor do que o esperado. A microcefalia também está associada ao vírus Zika, outra doença transmitida por mosquitos.

Uma mãe no Brasil que apresentou sintomas compatíveis com Oropouche procurou atendimento médico em 6 de junho, após perceber a falta de mobilidade fetal, informou a OPAS. Material genético do vírus Oropouche foi detectado no sangue do cordão umbilical e no tecido dos órgãos após a confirmação da morte fetal. Um caso semelhante foi relatado logo em seguida, envolvendo uma mãe que sofreu um aborto espontâneo após apresentar sintomas de sangramento relacionados ao vírus. Autoridades de saúde brasileiras que estavam conduzindo um estudo sobre quatro recém-nascidos com microcefalia descobriram que os bebês já tinham anticorpos contra o vírus Oropouche.

Com base nesses casos, a OPAS emitiu um alerta anterior em 17 de julho “sobre possíveis casos de transmissão do vírus Oropouche de mãe para filho durante a gravidez”. Enfatizaram ainda que “não está claro se a infecção pelo vírus Oropouche foi a causa dos resultados negativos para os fetos”.

O CDC afirmou que está trabalhando com a OPAS e outros parceiros internacionais para aprender mais sobre os riscos potenciais do Oropouche durante a gravidez.

Não existem vacinas ou medicamentos antivirais específicos para prevenir ou tratar infecções por Oropouche. O tratamento é focado no alívio dos sintomas dos pacientes, de acordo com a OPAS.

Os sintomas do vírus Oropouche são semelhantes aos da dengue, segundo o CDC. Eles incluem dores de cabeça, febre, dores musculares, articulações rígidas, náusea, vômito, calafrios e sensibilidade à luz. Em casos graves, o vírus pode causar inchaço nos tecidos ao redor do cérebro e da medula espinhal.

Em certos pacientes, os sintomas podem incluir também erupções cutâneas, vômito e sangramento — geralmente na forma de hemorragias nasais, sangramento nas gengivas ou manchas de sangue sob a pele, segundo a OPAS.

Os sintomas geralmente começam de quatro a oito dias após a picada. Embora os sintomas tendam a durar de três a seis dias, a infecção pode persistir por até três semanas.

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