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“Quando não nos cabemos mais” na visão de Luiz Cláudio Oliveira

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Há um personagem que se chama Vera. Ela passa por alguns momentos decisivos em sua vida, em que é preciso deixar algo para trás e se superar. Quando passamos por momentos assim, podemos sucumbir ou reagir. São momentos em que precisamos transbordar, avançar, emergir para uma nova realidade, construir algo novo. Não nos cabemos mais.

O escritor e jornalista Luiz Claudio Oliveira transformou esses momentos em poesias que estão no seu mais recente livro, que leva justamente o título de “Quando não nos cabemos mais – Pedras e caminhos”. Este é o décimo livro de Oliveira, o sétimo de poesias e está disponível na loja da Amazon pela qual o autor fez todo o processo de publicação em e-book e no formato tradicional – em papel – no sistema de autopublicação.

O novo livro retoma uma característica do poeta que já foi notada em publicações anteriores, que é a poesia sobre a realidade atual. O seu livro anterior, lançado em 2022, por exemplo, leva o título de “Poesia inquieta para dias intranquilos” e contém escritos que transbordam os dias intranquilos passados sob a pandemia e sob um governo também doentio aos quais nós brasileiros precisamos lutar para sobreviver.

Em outro livro anterior, Luz Claudio Oliveira se inspirou diretamente em notícias que lia diariamente. A cada dia uma poesia diferente feia em referência à primeira notícia lida pelo poeta. O livro chama-se “URGENTE! A primeira notícia do dia”.

Outra característica do poeta, que aparece desde seu primeiro livro solo de poesias, o “Punkpoemas”, de 2015, é de misturar técnicas da literatura em prosa na literatura em verso. Assim alguns de seus poemas têm personagens e contam histórias, ou descrevem cenas.

Em “Quando não nos cabemos mais – Pedras e caminhos”, a personagem que aparece em vários poemas é Vera. Sempre em momentos decisivos, reflexivos, em que está prestes a se transbordar ou submergir. Veja este trecho do poema “Vera e o cavalo”, em que a personagem surpreende-se ao encontrar um cavalo que corria livre e selvagem:

“Integrava-se à cena como elemento complementar

Vera também ainda não sabia

Seria ali mais que paisagem

Naquele instante sua vida mudaria

Deixaria de ser a grama esmagada e retorcida a cada pisão

Começava ali sua corrida de serenidade

Como o animal que a encantava selvagem

Ela também seria liberdade

Em galope de elegante coragem“

Mas o livro não é inteiro sobre Vera ou outro personagem, O autor também registra cenas do cotidiano vistos de um ângulo diferente, como os bons poetas sempre nos ensinam a ver. Pode até ser um cachorro mancando, como no poema “Novo Ritmo”:

“A perna manca o cachorro

Que se esforça a balançar

Há um novo ritmo no gingar

Subir e descer ladeira

Bailarino a se entrosar

Com essa nova parceira

A ausência”

A releitura do cotidiano está presente em outras poesias, que podem falar de uma maritaca, nos cachorros do jardim, ou em um irritante zumbido no ouvido. Também há espaço para reflexões filosóficas e outras mundanamente políticas, como em “Fascista gente boa (ou a banalidade do mal)” em que um senhorzinho aparentemente inofensivo e sorridente troca mensagens racistas com a prima enquanto aguarda atendimento médico.

O centro do livro é a captura daqueles momentos decisivos em que a vida está próxima de uma mudança radical. O próprio autor, no texto de apresentação, explica um pouco de seu processo e de suas escolhas neste “Quando não nos cabemos mais”:

“Neste livro há luta, superação e transbordamento. Há, sobretudo, humanidade e proximidade com o comum, o cotidiano de pessoas sofridas que se encontram – por vezes sem que elas percebam – em momentos de transição. É preciso alargar as margens, correr os riscos, superar-se. É preciso resistir e ir além. Elas já não se cabem mais.”

Ou melhor dito em versos, como neste trecho do poema que dá nome ao livro:

“Quem somos quando não nos cabemos mais?

Quando tudo é menor e ao mesmo tempo é mais

A sombra que insiste em noite sem lua e sem luz

E sai a brilhar pela escuridão que a conduz?”

No livro, porém, não há só tensão. O autor sabe construir cenas poéticas com uma linguagem leve mesmo tratando de temas mais complexos e profundos. Há ainda poemas de esperança, de resgate da felicidade nas pequenas coisas, o olhar curioso e inquieto das crianças a se surpreender e a nos surpreender. Por isso tudo, Luiz Claudio Oliveira continua a desenvolver da melhor maneira possível a sua estrada literária e poética.

Serviço:

Livro: Quando não nos cabemos mais – Pedras e caminhos

Autor: Luiz Claudio Oliveira

Link para a compra: https://www.amazon.com/Quando-n%C3%A3o-nos-cabemos-mais/dp/6500654919

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