O Paraná registrou 11.927 incêndios florestais até o último domingo (22), em 2024, representando um aumento de 17% em relação ao início de setembro, quando o estado contabilizava 10.187 ocorrências. Esse crescimento só não foi maior devido às chuvas que, ao longo do mês, ajudaram a reduzir o número de casos diários.
Entre 1º e 13 de setembro, o Paraná registrou uma média de 129 incêndios florestais por dia. No entanto, com o aumento das chuvas a partir do dia 14, esse número caiu drasticamente para 17 focos diários. Caso o ritmo inicial tivesse se mantido, o estado teria registrado cerca de 2,2 mil incêndios a mais no período.
Apesar da redução, o Corpo de Bombeiros enfrentou incêndios de grandes proporções em regiões como Cianorte, Umuarama e Tuneiras do Oeste, onde o total de área queimada chegou a 2,8 milhões de metros quadrados, equivalente a quase 700 campos de futebol.
“A ação conjunta com outros órgãos, resultado dessas reuniões periódicas, tem tornado a resposta aos incêndios muito mais rápida”, afirmou a capitã Luisiana Guimarães Cavalca, integrante da Câmara Técnica de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do CBMPR.
Os dados de janeiro a setembro indicam que o Paraná vive um cenário semelhante ao de 2019, 2020 e 2021, quando o fenômeno La Niña elevou o número de incêndios florestais para mais de 12 mil anuais por três anos consecutivos. A expectativa é de que o estado supere os 12.717 incêndios registrados em 2019, a pior marca recente.
CHUVAS À VISTA – Segundo o meteorologista Reinaldo Kneid, do Simepar, as chuvas devem continuar auxiliando no combate às queimadas em parte do estado. Previsões indicam precipitações de curta duração e baixa intensidade na metade sul do Paraná na última semana de setembro, com chuvas mais intensas em todas as regiões até 6 de outubro. No entanto, a chegada da La Niña, com intensidade entre fraca e moderada, pode trazer um período mais seco a partir da segunda quinzena de outubro, estendendo-se até os primeiros meses de 2025.
DEFESA CIVIL – Durante a reunião, a Defesa Civil destacou a importância do decreto 7.258, de 4 de setembro, que reconhece a situação de emergência nos municípios afetados pela estiagem. O decreto facilita as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais, agilizando a resposta às ocorrências.
Entre as medidas adotadas pela Defesa Civil estão a capacitação de 500 brigadistas em 100 cidades do Paraná – todos indicados pelas prefeituras. O curso terá 16 horas/aula e será ministrado por bombeiros militares.
Também estão sendo adquiridos materiais para a atuação nessas áreas – kits de combate a incêndio florestal e os chamados kit pick-up, espécie de bombas de água para serem adaptadas em veículos, além de equipamentos de proteção individual – e celebrados acordos para a locação de aeronaves de combate a incêndios, uma de Ponta Grossa e outra do Mato Grosso do Sul. Essas aeronaves, quando acionadas, terão 24 horas para chegar ao local da ocorrência. O custo será contabilizado por hora de trabalho, a partir do momento em que ela passar a atuar, de fato, na operação em questão.
“A locação das aeronaves para auxiliar no combate a incêndios é uma grande evolução para o Corpo de Bombeiros, em especial nesse momento em que estamos enfrentando grandes incêndios florestais no Paraná”, disse a capitã Luisiana. O decreto 7.258 ficará em vigor por 180 dias.
Em resposta ao avanço das queimadas, o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBM-PR) realizou a quinta reunião da Operação de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Operação Quati João 2024), com a participação de entidades civis. No encontro, foram discutidos os dados atualizados sobre as queimadas, as previsões meteorológicas para as próximas semanas e a importância do decreto 7.258/2024, que decretou situação de emergência devido à estiagem.
O objetivo da reunião foi preparar as unidades da corporação para manter uma resposta ágil em novas ocorrências, como no caso do incêndio florestal em Palmeira, onde, pela primeira vez, a Defesa Civil acionou uma aeronave contratada pelo estado para apoiar o CBMPR.
PRESENÇAS – Também participaram do evento o tenente-coronel Ivan Fernandes, Coordenador Executivo da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (CEDEC), e o capitão Anderson Gomes das Neves, chefe do Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CEGERD), da CEDEC; Yury Vashchenko, da gerência de Áreas Protegidas do Instituto Água e Terra (IAT); Letícia Koproski, médica veterinária e integrante da gerência de Biodiversidade, do IAT; Alexandre Tetto, professor e engenheiro florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR); Wilson Onório Batista, da Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM); e Rafael Gava, da Brigada Caratuva Rede Nacional de Brigadas Voluntárias.