A agência de inteligência da Coreia do Sul revelou que a Coreia do Norte usou vistos de estudante para enviar um grande número de trabalhadores, além de tropas, para a Rússia em 2024. O país asiático, que está sob sanções, enviou pelo menos “milhares de trabalhadores para canteiros de obras em várias partes da Rússia” ao longo do último ano, afirmou o Serviço Nacional de Inteligência da Coréia do Sul (NIS), confirmando um grande fluxo de cidadãos norte-coreanos sendo enviados para a Rússia.
Um oficial do NIS disse que cerca de 4.000 trabalhadores norte-coreanos – cada um recebendo um salário mensal de aproximadamente US$ 800 (R$ 4.200) – já estariam na Rússia. Tanto Moscou quanto Pyongyang foram acusados de violar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ao usar vistos de estudante e outras brechas para empregar trabalhadores norte-coreanos, o que é proibido.
De acordo com a Resolução 2375 do Conselho de Segurança da ONU, os países-membros são proibidos de emitir autorizações de trabalho para a força de trabalho da Coreia do Norte. A resolução determinava que todos os trabalhadores norte-coreanos existentes retornassem ao país de origem até o final de dezembro.
O legislador sul-coreano e ex-embaixador de Seul na Rússia, Wi Sung Lac, disse que a Rússia pode estar recrutando trabalhadores norte-coreanos para suprir a falta de trabalhadores para construção na guerra contra a Ucrânia. “Acho que os trabalhadores norte-coreanos podem ter sido recrutados para compensar a escassez de mão de obra após muitos terem sido convocados para a guerra”, disse o representante do Partido Democrático da Coreia.
Ele afirmou que o número mais recente de trabalhadores norte-coreanos enviados para a Rússia foi menor do que o cenário antes das sanções da ONU contra o reino isolado. “Mas, devido às sanções, eles não deveriam enviar trabalhadores de forma alguma”, disse Wi.
Pyongyang enviou aproximadamente 11.000 soldados para ajudar nos esforços de guerra de Vladimir Putin em novembro do ano passado, quatro meses após as tropas ucranianas terem tomado território russo em Kursk.
Na semana passada, autoridades ucranianas e ocidentais disseram que as tropas norte-coreanas haviam sido retiradas da linha de frente após perdas devastadoras, mas o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que elas haviam retornado à linha de frente. As forças de Kim Jong Un não foram vistas no campo de batalha por cerca de três semanas, segundo as forças especiais ucranianas.
Os relatos foram corroborados pela agência de inteligência sul-coreana, que afirmou que as tropas norte-coreanas haviam sido retiradas da linha de frente de guerra em meados de janeiro. No entanto, Zelensky disse que o exército russo “trouxe de volta soldados norte-coreanos” e que estavam realizando “novos ataques” na região parcialmente ocupada pela Ucrânia.