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Dióxido de carbono será jogado na Amazônia para estudo

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Na Amazônia, o Brasil está construindo um projeto extraordinário – um complexo de pináculos dispostos em seis anéis, prontos para despejar névoas de dióxido de carbono na floresta tropical. De qualquer forma, a explicação é absolutamente terrena: compreender como a maior floresta tropical do mundo responde às mudanças ambientais.

O projeto, chamado AmazonFACE, analisará a notável capacidade da floresta de armazenar dióxido de carbono, que é uma peça crucial do quebra-cabeça que compõe a mudança climática global. Isso ajudará os pesquisadores a entender se o local tem um ponto de inflexão que pode lançá-lo em uma condição de decadência irreversível. Uma ocasião tão temida, também chamada de extinção do sertão amazônico, transformaria a floresta mais biodiversa do mundo em uma cena mais seca, semelhante a uma savana.

Free Air CO2 Enrichment (Enriquecimento de ar gratuito por CO2), ou FACE, é a sigla. Essa tecnologia, inicialmente desenvolvida pela Laboratório Nacional de Brookhaven, tem a capacidade de alterar o ambiente de crescimento das plantas de maneira comparável às futuras concentrações de dióxido de carbono na atmosfera.

“As plantas produzem açúcares e exalam oxigênio absorvendo dióxido de carbono, água e luz. O que acontece quando aumentam essa entrada? Um dos principais cientistas do projeto, David Lapola, disse: “Não sabemos”. Experimentos em florestas temperadas nos forneceram evidências, não é certo que a Amazônia exiba o mesmo comportamento.

Lapola, professor da Universidade Estadual de Campinas, afirma que é mais provável que a mudança climática do que a taxa de desmatamento seja a causa do ponto de inflexão na floresta amazônica. Como resultado, entender o que está por vir requer investigar as consequências de maiores concentrações de dióxido de carbono na floresta.

O amplamente citado estudo do cientista do sistema terrestre Carlos Nobre é questionado a partir desse ponto de vista. Segundo Nobre, se o desmatamento atingir um limite básico de 20% a 25% em toda a Amazônia, o equilíbrio do regime de chuvas do município será perturbado, levando à transformação da rica floresta em savana.

Lapola afirmou: “A floresta ainda correria o risco de sofrer as consequências de um ponto de inflexão devido às mudanças climáticas, mesmo se parássemos o desmatamento na bacia amazônica hoje”. Embora deter o desmatamento continue sendo nossa principal responsabilidade, o Brasil e outras nações amazônicas não podem lidar sozinhos com as mudanças climáticas causadas por fatores atmosféricos.

Os dois primeiros anéis estão sendo construídos e devem estar prontos para uso no início de agosto. Haverá 16 torres de alumínio em cada anel, cada uma com a altura de um prédio de 12 andares. Para evitar a escassez, três empresas fornecerão o dióxido de carbono.

O projeto, que está localizado a 70 quilômetros ao norte de Manaus, está a cargo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que tem o apoio do governo britânico, que prometeu US$ 9 milhões (R$ 45 milhões). Deve estar completamente funcional em meados de 2024.

A iniciativa foi elogiada pela química atmosférica Luciana Gatti, que também afirmou que seria extremamente benéfico replicar o projeto nos quatro quadrantes da Amazônia porque a capacidade de absorção de carbono da região difere significativamente de uma área para outra, que é duas vezes maior do que a Índia.

Gatti, que não está diretamente envolvido com o AmazonFACE, foi co-autor de um artigo histórico que mostrou que o leste da Amazônia se tornou uma fonte de carbono em vez de um sumidouro ou absorvedor de carbono para a Terra.

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