Ao longo de bilhões de anos, a superfície da Lua tem sido constantemente afestada pelo vento solar, transportando partículas de alta energia, incluindo um recurso altamente valorizado, o hélio-3. Embora esse elemento seja escasso na Terra, ele despertou recentemente o interesse de diversas indústrias, como aquelas voltadas para a computação quântica e reatores de fusão nuclear.
O hélio-3 tornou-se tão precioso que uma empresa está disposta a chegar até a Lua para obtê-lo. A startup Interlune anunciou recentemente que arrecadou US$ 15 milhões em financiamento para explorar e comercializar recursos naturais da Lua. A empresa planeja extrair o tal do hélio-3 e vender para clientes governamentais e comerciais nas áreas de segurança nacional, computação quântica, imagens médicas e energia de fusão.
“Há uma crescente demanda por hélio-3 em diversas indústrias emergentes,” afirmou Alexis Ohanian, um dos principais investidores na última rodada de financiamento da Interlune. “Investimos porque o acesso ao vasto estoque de hélio-3 e outros recursos naturais valiosos na Lua e além poderá impulsionar ou acelerar avanços tecnológicos que atualmente são limitados pela escassez de oferta.”
A Interlune foi fundada em 2020 pelo ex-presidente da Blue Origin, Rob Meyerson, juntamente com o ex-arquiteto-chefe Gary Lai e Harrison Schmitt, o único membro vivo da missão Apollo 17 — a última missão tripulada da NASA à Lua. “Pela primeira vez na história, a extração de recursos naturais da Lua tornou-se tecnológica e economicamente viável,” destacou Meyerson.
Embora viável, a empresa ainda precisa desenvolver métodos para concretizar o objetivo. A Interlune está atualmente trabalhando no projeto da primeira missão com aterrissagem robótica, a qual irá verificar os níveis de hélio-3.
Apesar de estar em fase inicial, a Interlune tem a esperança de inaugurar uma nova era para a economia lunar, tornando-se a primeira empresa a explorar e comercializar recursos naturais extraídos da Lua. De acordo com a Lei de Exploração e Utilização de Recursos Espaciais, aprovada em 2015, qualquer recurso obtido no espaço é de propriedade da entidade que o extraiu.
A ideia de mineração de recursos da Lua e de outros corpos celestes tem sido discutida há algum tempo, mas poucas empresas de fato estão buscando realizá-la. Recentemente, a NASA anunciou planos para explorar a extração de recursos da Lua para os próximos 10 anos, como parte do programa Artemis, com o objetivo de estabelecer mineração em larga escala de regolito lunar até 2032 e extrair recursos como água, ferro e metais raros.
O espaço certamente possui todos os recursos necessários, mas ainda há muito trabalho a ser feito antes de começarmos a comercializar os recursos cósmicos. Com a falta de regulamentação estabelecida, também há o risco de uma corrida desenfreada pela extração de recursos, podendo alterar a composição da Lua ou de outros objetos no espaço.