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quarta-feira, dezembro 18, 2024
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Fraqueza nos músculos pode ser por culpa de neuroinflamação

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Doenças infecciosas e crônicas, como Covid longa, a doença de Alzheimer e traumas cerebrais, frequentemente resultam em neuroinflamação, um tipo de inflamação cerebral que enfraquece os músculos. Embora os cientistas reconheçam a conexão entre a inflamação cerebral e a fraqueza muscular, as moléculas e processos específicos envolvidos permanecem desconhecidos.

Numa pesquisa recente, uma equipe de neurocientistas e biólogos revelou a comunicação oculta entre o cérebro e os músculos, revelando como ocorre a fadiga muscular e sugerindo tratamentos.

Neuroinflamação e Fadiga Muscular

A neuroinflamação ocorre quando o sistema nervoso central – composto pelo cérebro e pela medula espinhal – ativa seu próprio sistema imunológico para proteger contra infecções, toxinas, neurodegeneração e lesões. Embora a neuroinflamação ocorra principalmente no cérebro, os pacientes também sofrem muitos sintomas fora do sistema nervoso central, como fadiga debilitante e dores musculares.

Para resolver esse quebra-cabeça, foram estudadas a inflamação cerebral em três doenças diferentes: a infecção bacteriana na meningite causada por E. coli, a infecção viral na Covid e a neurodegeneração na doença de Alzheimer. Em seguida, foram analisados como essas mudanças no sistema imunológico afetam o desempenho muscular.

Resultados e Descobertas

Os cientistas mediram mudanças no sistema imunológico nos cérebros de moscas e camundongos infectados com bactérias vivas, proteínas virais ou proteínas neurotóxicas. Após o acúmulo inicial das moléculas tóxicas no cérebro, que frequentemente aumentam em resposta a estressores, como infecções, o cérebro produz níveis elevados de citocinas – substâncias químicas que ativam o sistema imunológico e são liberadas no corpo. Quando essas citocinas chegam aos músculos, ativam reações químicas que prejudicam a capacidade das mitocôndrias (as usinas de energia das células) de produzirem energia.

Conversação entre o Cérebro e o Músculo

As descobertas dos pesquisadores sugerem que a fadiga muscular causada pela infecção ou doença crônica resulta de uma comunicação cérebro-músculo que esgota a energia dos músculos sem afetar a estrutura física. Diferentemente das explicações tradicionais para o mau funcionamento muscular, que focam em danos aos músculos, esse caminho direto é responsável pela fadiga.

Como a citocina nesse caminho de comunicação cérebro-músculo foi preservada ao longo da evolução entre diferentes espécies, acreditamos que esse mecanismo pode ser um sistema universal usado pelo cérebro para redistribuir energia e combater infecções.

Fadiga Muscular em Diversas Doenças

A fraqueza e a fadiga muscular são sintomas comuns em várias doenças, desde infecções bacterianas e virais até doenças crônicas e neurodegenerativas. Esses sintomas afetam a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Por exemplo, a maioria das milhões de pessoas que sofreram com a Covid longa sentem fadiga debilitante que dura de meses a anos.

Da mesma forma, a fraqueza muscular é um sintoma frequente na fase inicial da doença de Alzheimer, condição que afeta pelo menos 50 milhões de pessoas globalmente.

Novas Abordagens de Tratamento

Os estudos sugeriram que focar no caminho cérebro-músculo pode oferecer novas estratégias terapêuticas para combater a fadiga muscular.

Atualmente, os estudiosos estão testando anticorpos neutralizadores, substâncias que se ligam e bloqueiam a função das citocinas, em camundongos com neuroinflamação. Esses tratamentos visam especificamente as citocinas secretadas pelo cérebro e impedem a comunicação com os músculos. Estamos interessados em descobrir quais anticorpos ou combinações deles podem prevenir a fadiga muscular nos camundongos.

Eles também estão estudando sobre a Covid longa para analisar os níveis das citocinas nos pacientes. Para os cientistas, ainda não está claro se outras proteínas da Covid também podem provocar neuroinflamação e fadiga muscular. Evidências recentes sugerem que a Covid longa pode estar ligada ao acúmulo persistente de partículas virais em vários órgãos, incluindo o cérebro, mesmo meses após a infecção. No entanto, a relação entre essas partículas e os níveis elevados de citocinas na Covid longa ainda é incerta.

Direcionar o caminho cérebro-músculo pode ser um tratamento eficaz para aqueles que sofrem de Covid longa e de outras doenças que causam inflamação cerebral, oferecendo novas esperanças para melhorar o desempenho muscular e a qualidade de vida das pessoas afetadas.

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