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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Lixo urbano pode gerar energia para 27 milhões de residências

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Com pouco mais da metade (cerca de 56%) do lixo urbano produzido pelas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes é possível gerar energia elétrica para 27 milhões de residências no país e abastecer uma média de 100 milhões de pessoas.

É o que aponta um estudo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) sobre o potencial brasileiro para gerar energia a partir do lixo. O estudo foi apresentado na última semana durante o 3º Fórum de Valorização Energética de Resíduos, organizado pela ABREN e realizado pelo Grupo FRG Mídias e Eventos.

Yuri Schmitke, presidente da ABREN, apresentou os detalhes do estudo: “a recuperação energética, tecnologia que transforma a fração não reciclável do lixo em energia elétrica, é uma prática utilizada há cerca de 50 anos na Europa e na Ásia, mas ainda é uma novidade no Brasil. A primeira Usina de Recuperação Energética está em construção em Barueri (SP) e certamente será a primeira de muitas”.

Rubens Aebi, vice-presidente da ABREN, ressaltou os benefícios da recuperação energética. “Essa tecnologia contribui diretamente para dois setores essenciais para o Brasil: o saneamento básico e a energia elétrica. Além disso, gera ganhos também para a saúde pública, pois o lixo que seria enviado a um lixão ou aterros sanitários ilegais passa a ter uma destinação ambientalmente correta.”

Outra forma de recuperação energética é o Combustível Derivado de Resíduos, ou CDR. Esse tema contou com um painel específico para avaliar os desafios e as oportunidades dessa tecnologia no Brasil. O país possui 38 fábricas com licença ambiental para usar o combustível derivado de resíduos, mas substitui apenas 31% do combustível fóssil por CDR, taxa que é muito maior em países europeus.

Segundo Francisco Leme, vice-presidente do Conselho Deliberativo da ABREN e especialista em CDR, “o Brasil tem um grande potencial para ampliar a geração e a utilização do combustível derivado de resíduos, o que traria benefícios como a geração de empregos, atração de investimentos redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa e preservação dos recursos naturais”.

Realizado de forma presencial em São Paulo e transmitido simultaneamente online, o 3º Fórum de Valorização Energética de Resíduos contou com a participação de autoridades, como representantes do Ministério de Minas (MME) e Energia e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), de grandes empresas e também especialistas do setor.

As apresentações e debates realizados abordaram as melhores práticas da recuperação energética em diversos países e como incorporá-las ao Brasil. Gerson Sampaio, CEO da Teknergia, destacou que essa tecnologia será extremamente importante para que o Brasil tenha condições de diminuir as emissões de metano e fez um alerta.

“Um estudo realizado pela NASA utilizando tecnologias mais modernas, como aviões e drones, criou uma nova metodologia para medir as emissões de metano e o resultado é muito preocupante: as emissões de aterros sanitários são 250% maiores do que os dados oficiais divulgados em relação ao inventário de emissões de metano”, destacou o executivo.

Além da URE Barueri, contratada em 2021 e com operação prevista para 2025, os Leilões de Energia Nova A-5 e A-6, previstos para ocorrerem em 16 de setembro deste ano, terão uma categoria destinada exclusivamente à geração de energia a partir do lixo, ou resíduos sólidos urbanos (RSU). Nela, há 10 projetos cadastrados no Leilão A-5, totalizando 180 MW, e 9 projetos cadastrados no Leilão A-6, com um total de 176 MW. Ao todo, são 19 projetos de RSU e 356 MW – suficientes para abastecer cerca de 1,2 milhão de residências.

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