A pergunta sobre a inteligência dos animais intriga donos de pets, amantes da natureza, veterinários e cientistas ao redor do mundo. Durante anos, acreditou-se que a inteligência exigia um cérebro com bilhões de neurônios, as células responsáveis por transmitir mensagens no cérebro. O cérebro humano, por exemplo, possui cerca de 86 bilhões de neurônios, enquanto cães e gatos têm menos de um bilhão. No entanto, à medida que pesquisadores se aprofundam no estudo da cognição e das emoções animais—a capacidade de aprender por meio de experiências e pensamentos—fica cada vez mais claro que os humanos não são tão únicos quanto se imaginava. Muitas espécies não humanas exibem habilidades cognitivas impressionantes.
Ainda não há um consenso sobre como definir a inteligência nos animais, mas a maioria dos cientistas que estudam cognição animal concorda que muitas espécies demonstram habilidades como resolução de problemas, uso de ferramentas, memória e até mesmo autorreconhecimento. Essas capacidades desafiam a noção de que a inteligência é exclusiva dos humanos.
A memória, por exemplo, é um dos indicadores de inteligência. Enquanto os humanos possuem uma memória altamente precisa e sofisticada, outros animais também exibem uma capacidade impressionante de recordação. Elefantes podem reconhecer até 30 companheiros e lembrar rotas de migração para evitar áreas propensas à seca. Esse tipo de memória, conhecido como memória episódica—a capacidade de recordar eventos específicos, incluindo quando e onde ocorreram—era considerada exclusivamente humana. No entanto, estudos agora mostram que pássaros, gatos, ratos, macacos e golfinhos também possuem essa habilidade. Os animais podem não se lembrar de todas as experiências, mas retêm informações críticas para sua sobrevivência, como onde armazenaram comida ou a presença de predadores.
O uso de ferramentas é outro sinal de inteligência. Embora fosse considerado uma característica exclusivamente humana, animais como chimpanzés, corvos e até ursos demonstraram essa habilidade. Chimpanzés usam gravetos para extrair cupins e pedras para quebrar nozes. Corvos, de forma notável, podem fabricar ferramentas, como dobrar um arame para criar um gancho e alcançar comida. Em um estudo, ursos marrons receberam o desafio de usar troncos e uma caixa para alcançar comida suspensa. Seis dos oito ursos conseguiram mover os objetos para acessar a recompensa, usando-os efetivamente como ferramentas.
A comunicação também é uma medida de inteligência. Os humanos se destacam nessa área, mas outras espécies exibem sistemas de comunicação complexos. Golfinhos, por exemplo, usam uma variedade de cliques, guinchos e assobios que alguns pesquisadores acreditam constituir uma linguagem. Chimpanzés e gorilas até aprenderam a usar a linguagem de sinais para expressar emoções e fazer pedidos.
O autorreconhecimento, a capacidade de se reconhecer como um indivíduo, é outro marco da inteligência. Bebês humanos geralmente não se reconhecem no espelho até cerca de 18 meses de idade. Da mesma forma, muitos animais, incluindo golfinhos, corvos e elefantes, demonstraram autorreconhecimento. Em um experimento, pesquisadores marcaram chimpanzés com um corante vermelho enquanto estavam anestesiados. Ao acordar, os chimpanzés viram seus reflexos e tocaram a marca em seus próprios corpos, e não no reflexo, indicando que entenderam que a imagem era deles mesmos.
É importante ressaltar que a inteligência não é definida pelo que os animais não conseguem fazer. Humanos, por exemplo, não podem voar como pássaros ou nadar como peixes, nem possuem o olfato extraordinário dos cães. Aievolução moldou cada espécie para prosperar em seu ambiente, equipando-os com as habilidades necessárias para sobreviver. Do ponto de vista evolutivo, não seria vantajoso para os humanos ter o olfato de um cão—ficaríamos sobrecarregados com a quantidade de cheiros ao nosso redor.
No final das contas, a inteligência se manifesta de inúmeras formas entre as espécies. Seja um corvo criando uma ferramenta, um elefante lembrando uma rota de migração ou um golfinho se comunicando por meio de cliques, os animais demonstram habilidades cognitivas notáveis. Eles podem não pensar como humanos, mas estão, sem dúvida, usando seus cérebros de maneiras perfeitamente adaptadas aos seus ambientes. E isso, por si só, é um testemunho de sua inteligência.